Ventura garante estabilidade governativa nos Açores e pede ao PSD para tomar Bolieiro como exemplo

André Ventura foi aos Açores agradecer ao presidente do Governo Regional e líder do PSD na região por não criar cordões sanitários em torno do Chega.

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André Ventura, líder do Chega LUSA/EDUARDO COSTA

O Chega vai, afinal, suportar o governo açoriano ao longo da legislatura (de acordo, aliás, com o acordo firmado). O anúncio foi feito nesta sexta-feira por André Ventura que, ao lado de José Manuel Bolieiro, defendeu que o PSD nacional tem muito a aprender com o açoriano. “O que para nós era importante era a garantia de que, como vimos infelizmente a nível nacional nalguns casos, não há aqui nenhum espírito de agressividade e diabolização” face ao Chega, afirmou Ventura aos jornalistas.

Depois de PSD e CDS terem firmado um acordo para as eleições autárquicas, André Ventura anunciou, entre queixas de “bullying político” pela exclusão do Chega, que iria aos Açores avaliar o apoio do partido ao Governo Regional, liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro.

O líder do Chega foi ao palácio de Sant’Ana, sede da presidência do governo açoriano, num intervalo entre as audiências de Bolieiro, que ao longo desta sexta-feira está a receber todos os partidos com assento na assembleia regional para a redacção do orçamento regional para 2021. No final, André Ventura saiu satisfeito com a garantia de que no arquipélago o PSD não fará “cordões sanitários” em torno do Chega.

Questionado sobre se os Açores vão continuar a ser a moeda de troca para retirar dividendos nacionais, Ventura foi peremptório e repetiu por mais do que uma vez: no que concerne ao Chega, a estabilidade política na região está assegurada. “A situação nos Açores, o acordo com estes termos e com essas preocupações, tem condições de estabilidade governativa”.

Para Ventura, esta relação é tão profícua que devia fazer a direita olhar para o acordo governativo dos Açores — o governo regional do PSD é suportado por CDS, PPM, Chega e IL. Mais: para Ventura, antigo vereador social-democrata em Loures, muitos quadros do PSD deviam tomar o exemplo de Bolieiro.

“A nível nacional, espero, mas isso é apenas um desejo político, é que o país de direita, a direita portuguesa consiga pôr os olhos no que está a acontecer nos Açores”, afirmou Ventura, que, apesar de dizer “não querer entrar em polémicas”, enalteceu o exemplo do líder do PSD-Açores. “Eu, pessoalmente, acho que muitos líderes e dirigentes do PSD tinham muito a aprender com José Manuel Bolieiro. É a minha perspectiva pessoal”.

O líder do Chega também não fugiu à actualidade e disse estar convencido com as explicações do presidente do governo regional sobre as alegadas relações familiares existentes no executivo açoriano — noticiadas no Expresso. “Tomamos como boa a explicação que nos foi dada pelo senhor presidente e os objectivos de um maior controlo da situação na sua própria pessoa”, afirmou.

José Manuel Bolieiro também “estranhou” a notícia e ressalvou que “não existe nenhum membro do governo que seja familiar de outro”. “Temos de ser resilientes às tentativas de denegrir este acordo”. Mais uma vez, o presidente do governo açoriano reiterou que o acordo de incidência parlamentar firmado com o Chega (que, entre outras medidas, prevê a “redução da subsidiodependência”) não fere a matriz social-democrata. “Os partidos políticos não perdem a sua autonomia, os seus valores e quadro ideológico e doutrinário que se mantém, mas estamos em identidade naquelas referências bem expressas nos acordos de incidência parlamentar” – acordos esses, garantiu Bolieiro, que “serão cumpridos na íntegra” ao longo dos próximos quatros anos.

A mesma notícia do Expresso provocou reacções noutro parceiro parlamentar do governo regional: a Iniciativa Liberal. Na redes sociais, a estrutura do partido nos Açores escreveu: “A Iniciativa Liberal avisou e não aceita que este Governo dos Açores use esta mudança como mais um repositório de jobs for the boys.”

Mas à saída do encontro com José Manuel Bolieiro no Palácio de Sant’Ana, o líder regional da IL, Nuno Barata, foi menos contundente. Mostrou algum desconforto, avisou que ficará vigilante, mas acrescentou que o acordo na região tem mais a ver com políticas do que com pessoas. Depois, deixou pistas para o que pode ser a posição da IL no orçamento da região. “Vamos satisfeitos pela forma como o secretário das finanças e o presidente do governo regional acolheram aquilo que nós plasmámos no acordo de incidência parlamentar que fizemos com o PSD. Mas, também estamos perfeitamente atentos”, disse Nuno Barata.

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