Vacinação covid-19: para quando a prioridade aos doentes?
É em nome de milhares destas pessoas que pergunto: porque não foi considerada, e dada, prioridade às pessoas doentes? Como aumentar a sua esperança e diminuir a dramática situação de ansiedade em que se encontram?
A angústia provocada pela evolução da pandemia que assola o mundo atingiu sobretudo os mais frágeis. Nesse grupo de risco, identificado desde os primeiros dias pelas autoridades de saúde de todo o planeta, incluem-se pessoas que, pela sua condição física, idade, estado de saúde, doença crónica, rara, ou outra, aconselhe uma prudência maior, ou uma maior proteção à exposição e à circulação do vírus, responsável pela situação caótica à qual chegámos.
Muitas destas pessoas foram aconselhadas ao isolamento não profilático.
Muitas destas pessoas têm menos de 50 anos.
A muitas destas pessoas foi aconselhado o confinamento e, às que podiam, o recurso ao teletrabalho.
Muitas destas pessoas estão em casa, sem alternativas, há mais de dez meses, para proteção pessoal.
As famílias destas pessoas, e os seus cuidadores, alguns deles também idosos, modificaram o seu “modus vivendi” para as protegerem, e para se protegerem a elas próprias, com custos incalculáveis.
As mais dependentes recorrem a assistentes pessoais que, apesar de tentarem proteger-se, correm os mesmos riscos do que os funcionários das ERPI’s.
Porque são pessoas, doentes, frágeis e ansiosas por alguma liberdade, consideradas prioritárias para o isolamento, todas esperavam que lhes fosse atribuída alguma prioridade no momento em que foi anunciada a única esperança que alimentaram, ao longo de todo este tortuoso caminho – a vacina contra a covid-19.
Questionam-se, agora que em Portugal se discute o Plano de Vacinação, porque não foram incluídas nos grupos que, supostamente, constituem as prioridades das autoridades de saúde portuguesas.
Interrogam-se sobre os critérios de seleção.
Têm muitas dúvidas sobre a transparência de todo o processo de vacinação.
Perguntam, a quem acham que as pode ajudar, quando chega a sua vez.
É, em nome de milhares destas pessoas, que pergunto: porque não foi considerada, e dada, prioridade às pessoas doentes?
Como aumentar a sua esperança e diminuir a dramática situação de ansiedade em que se encontram?
Quem pode dar as necessárias respostas?
Quem toma decisões?
Haja bom senso!
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico