Ex-directora do SEF desmentida sobre o uso de bastões no SEF
A ex-directora, Cristina Gatões, vai prestar serviços de assessoria à direcção do SEF e vai integrar um grupo de trabalho de reestruturação dos vistos gold.
A ex-directora do SEF, Cristina Gatões, garantiu ao Ministério Público (MP) que nunca tinham sido distribuídos bastões extensíveis aos inspectores daquela polícia mas, segundo o Diário de Noticias (DN), um dos acusados pela morte de Ihor Homeniuk diz o contrário.
O relatório da autópsia ao cadáver de Ihor Homeniuk revelou que, para além das fracturas dos arcos costais, este apresentava marcas contundentes, susceptíveis de terem sido efectuadas com um bastão ou um cassetete.
Dois dos inspectores do SEF que foram acusados pelo crime de homicídio qualificado, Luís Silva e de Duarte Laja, que tinham, na altura da sua detenção, bastões na sua posse, também foram acusados por posse de arma ilegal.
Num ofício enviado ao procurador titular do processo, do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, no dia 7 de Abril de 2020, Cristina Gatões escreveu que “apenas existem bastões extensíveis na Direcção Regional do Algarve e na sede do SEF, no Tagus Parque”, sendo certo que no primeiro caso estes se encontram “em cofre, à guarda da Exma. Chefe do departamento regional e investigação e fiscalização e cuja utilização carece de autorização superior”.
Mas a contestação de Luís Silva desmente Cristina Gatões. Diz que, por ocasião do Euro 2004, “foram distribuídos pelas diversas forças de segurança, inclusivamente pelos membros do SEF, tanto bastões extensíveis como spray de gás pimenta, os quais nunca vieram a ser recolhidos e que passaram, desde então, a ser utilizados por esses elementos”.
O arguido alega ainda que “ao longo de 16 anos que leva já ao serviço do SEF, “sempre utilizou este bastão, transportando-o à cintura, num porta-bastões, de forma aparente, isto é, de forma não oculta, visível e perceptível a todos” e que não era o único.
Ainda de acordo com o DN, Cristina Gatões, que se demitiu a 9 de Dezembro do ano passado, um dia antes de ser ouvida no Parlamento sobre a morte de Ihor Homeniuk, foi chamada pelo tenente-general Botelho Miguel, que assumiu recentemente a direcção do SEF, para lhe prestar serviços de assessoria e para integrar um grupo de trabalho de reestruturação dos vistos gold.
Segundo o DN, a ex-directora do SEF vai integrar um grupo de trabalho cujo objectivo será “analisar soluções que assegurem maior eficácia e eficiência no âmbito da permanência em Portugal dos titulares de residência para actividade de investimento”.
A 15 de Dezembro, numa audição no Parlamento, o ministro Eduardo Cabrita justificou a demissão de Gatões dizendo que não tinha “condições para liderar o SEF no quadro da reestruturação profunda” que será desenvolvia no organismo.