Vacinação dos órgãos de soberania: Marcelo explica que ainda estão a ser definidas as “prioridades”

“Os órgãos de soberania definirão as prioridades e depois será definido momento da vacinação”, afirmou.

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O Presidente da República falou no final da visita que realizou ao Hospital das Forças Armadas, em Lisboa LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Vão ser os principais responsáveis dos órgãos de soberania que vão definir as prioridades para a vacinação contra a covid-19, explicou esta terça-feira o Presidente da República, no final da visita que realizou ao Hospital das Forças Armadas, em Lisboa. Quanto à data de início da vacinação, Marcelo Rebelo de Sousa disse ser ainda prematuro falar sobre ela. Na segunda-feira, a ministra da Saúde adiantou que esta deverá ter início na próxima semana, assim como a vacinação de pessoas com mais de 50 anos e doenças de risco associadas.

A inclusão dos órgãos de soberania na vacinação contra a covid-19 já tinha sido colocada em cima da mesa pela direcção-geral da Saúde, mas a definição das prioridades ainda não está complementa fechada. “Posso falar por aquilo que o primeiro-ministro me disse e me enviou como carta. O primeiro-ministro elaborou um despacho em que nomeadamente solicitava aos titulares de órgãos de soberania, aos principais responsáveis dos órgãos de soberania, que manifestassem a sua adesão à ideia de uma vacinação desses titulares de acordo com prioridades que cada órgão de soberania decidiria”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, questionado sobre o tema.

O Presidente da República explicou que “isso é sobretudo importante nos órgãos colegiais”. “O Governo é um órgão colegial constituído por vários membros. Cabe ao primeiro-ministro definir as prioridades. A Assembleia da República é um órgão colegial constituído por 230 deputados. Compete à Assembleia da República definir a prioridade. No caso do Presidente da República é um órgão singular, mas há órgãos que estão relacionados com o Presidente da República. É o caso do Conselho de Estado, é o caso dos representantes da República das Regiões Autónomas do Açores e da Madeira.”

Quanto a datas de início desta vacinação, disse ser ainda cedo para avançar com elas. “Os órgãos de soberania definirão as prioridades e depois será definido momento da vacinação. É prematuro, mesmo da parte do Presidente da República, estar antecipar datas sobre uma matéria que é do foro das autoridades sanitárias”, disse. Já questionado sobre a inclusão mais cedo de pessoas com mais de 80 anos, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que o plano de vacinação tem sido acelerado “na medida do possível”.

O Presidente, que esta terça e quarta-feira ouve os partidos, revelou que a renovação do estado de emergência deverá ser nos mesmos termos da actual. A próxima reunião no Infarmed, que estava inicialmente apontada para esta semana, ainda não tem data marcada. Mas deverá acontecer na próxima semana, mais perto do final do período de suspensão das aulas. Sobre os efeitos do fecho das escolas, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que o diploma entrou em vigor na última sexta-feira. “Todos perceberemos que não existam dados que nos permitam retirar ilações dos efeitos das medidas que entraram em vigor.”

Enfermaria encheu numa noite

O Presidente da República, o Primeiro-Ministro e a ministra da Saúde visitaram esta terça-feira, ao início da tarde, o pólo de Lisboa do Hospital das Forças Armadas. O refeitório, onde António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa falaram aos jornalistas, estava a acabar de ser transformado em enfermaria para receber doentes com covid. Esta unidade militar até a ser reforçada com mais 140 camas para apoiar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Para este acréscimo - que duplica a capacidade total do hospital e que o deixa na sua capacidade máxima - foram transformados dois refeitórios e duas áreas de consultas em enfermarias e os recursos humanos foram reforçados com mais 300 profissionais, entre médicos, enfermeiros, auxiliares e militares. Assim, o Hospital das Forças Armadas passa vai passar a ter 274 camas de enfermaria, das quais 197 para doentes infectados pelo SARS-CoV-2. Uma das enfermeiras, com 20 camas, ficou logo ocupada com doentes encaminhados pelo SNS assim que ficou concluía. Também a unidade de cuidados intensivos duplicou a sua capacidade, passado de 10 camas para 20. Destas, 15 são para doentes com covid e oito já estavam ocupadas. Quatro destes doentes tinham sido encaminhados pelo SNS.

Desde o início de Março que os dois pólos do Hospital das Forças Armadas já receberam 747 doentes com covid do SNS. Um esforço que o Primeiro-Ministro e o Presidente da República enalteceram. “Este é um exemplo muito importante do grande contributo que as Forças Armadas têm dado. É indispensável a mobilização de todos os recursos do sector privado, social e das Forças Armadas”, destacou António Costa.

Palavras de elogio que Marcelo Rebelo de Sousa também repetiu, ao mesmo tempo que deixava um apelo aos portugueses. “Estamos hoje aqui para mostrar que se trata de um combate de todos em total união”, afirmou, salientando que o combate à pandemia não pode ser feito apenas pelo poder político ou pelas Forças Armadas: “Tem de ser por todos os portugueses. Estas próximas semanas são determinantes neste combate, no objectivo de conter e inverter a tendência do número de infectados, dos internamentos e dos internamentos em cuidados intensivos.”

Com os números ainda sem mostrarem uma descida, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre a possibilidade de ajuda internacional, medida que a ministra da Saúde admitiu, em entrevista à RTP, não estar excluída. “Dos dados que conheço, não há neste instante razão que determine uma ideia de alarme social quanto à necessidade de recurso a ajuda internacional, independentemente de saber que há dentro da União Europeia essa colaboração e que há disponibilidade de países amigos para ajudarem, como foram ajudados no passado”, disse.

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