Santander deverá fechar mais 30 balcões até final de Março

Banco fechou 60 balcões em 2020. Integração do Banif e do Banco Popular criou sobreposição de balcões e serviços centrais, justifica a comissão executiva presidida por Pedro Castro Almeida. “Automação de processos” é uma das prioridades da gestão.

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Banco diz que procurará que as saídas de colaboradores "sejam feitas de comum acordo", mas não avança números para esta redução Anna Costa

O Santander encerrou 60 balcões em 2020 e estima fechar mais cerca de 30 este trimestre, numa adaptação ao modelo de negócio que diz obrigatória para sobreviver, segundo uma carta enviada nesta segunda-feira aos colaboradores, a que a Lusa teve acesso.

A Comissão Executiva, que assina a carta, começa por justificar o envio da nota “face a notícias recentes que envolvem o banco”, numa alusão aos apelos dos sindicatos para que suspenda o processo em curso, dado o agravamento da pandemia, e que, em 19 de Janeiro, já a tinha levado a esclarecer não vigorar “qualquer processo de rescisões por mútuo acordo”, mas sim propostas de pré-reforma ou da revogação de contratos de trabalho.

“O Banco Santander é reconhecido desde há vários anos como o mais sólido Banco de Portugal. Nos últimos cinco anos, integrámos o Banif e o Banco Popular, o que provocou uma sobreposição de balcões e de serviços, quer na rede comercial, quer nos serviços centrais”, lembram de seguida.

Para além destas integrações, o banco diz que tem concentrado “os esforços e investimento em acompanhar a era da digitalização” que se vive, “com uma redução progressiva de balcões, redefinição funcional de outros, e a automação crescente de processos e funções ao nível dos serviços centrais”.

Ao mesmo tempo “tem adaptado” o modelo de negócio “a novas variantes da actividade bancária e às diferentes exigências e níveis de concorrência”, sublinhando tratar-se de um contexto de transformação “obrigatório para todos os bancos que queiram sobreviver no futuro, especialmente no contexto de forte compressão de receitas” que se vive e “tendo presente o aumento da concorrência com a entrada de novos agentes (Fintechs e BigTechs) e a alteração radical do comportamento dos clientes” bancários.

“Nos últimos anos, a rentabilidade dos bancos foi constrangida por diversos factores que são por todos conhecidos, com destaque para a exigência de níveis de capital mais elevados (de 2008 para hoje, o aumento do capital regulatório mínimo de 8% para 12,5% implicou, no caso do Santander Totta, a necessidade de mais 750 milhões de euros de capital para simplesmente poder operar), a existência e persistência de taxas de juro negativas, e generalizadas limitações a comissões”, explica a Comissão Executiva.

Em termos nacionais, a gestão aponta condicionantes “como o custo que o banco tem com a resolução de outros bancos e outras taxas sectoriais, que ascende hoje a mais de 74 milhões de euros/ano”.

O Santander adiciona a estas explicações “as actuais exigências dos clientes” com os serviços digitais e níveis de disponibilidade permanentes dos serviços bancários.

“No último ano, as vendas em canais digitais por cliente activo aumentaram significativamente; tem vindo a descer sucessivamente, ano após ano, o número de clientes que visitam um balcão (29% em dois anos), bem como os novos clientes captados por este canal (22% em dois anos), num movimento que se manterá crescente nos próximos anos”, acrescentam.

E é neste quadro que o banco, reafirma, que tem vindo a fazer “desde há vários anos”, propostas de “acordos de saída (reforma ou revogação de contrato) a muitos colaboradores dos serviços centrais e da área comercial, directivos e não directivos”.

Um fenómeno que, reforça, é “comum a todo o sector bancário”. O grupo, tal como os “internacionais, tem vindo a concretizar a transformação do modelo de negócio nos países europeus em que opera”, nomeadamente “com redimensionamentos” nas suas filiais de Espanha, Polónia, Portugal e Reino Unido.

“Como anteriormente, durante o ano de 2020, o contacto com os colaboradores manteve-se, agora com necessária predominância de propostas de acordos de revogação, apresentando o banco a cada colaborador as melhores condições do sector e ímpares na nossa economia, assegurando ainda uma rede de acompanhamento futuro a cada colaborador que saia do banco, que incluirá, entre outras, assessoria à recolocação profissional, apoio social, garantias de saúde, a par de manutenção de muitas das condições de que beneficiam os colaboradores do Banco”, garante.

A Comissão Executiva admite que este ajustamento vai continuar durante 2021, “em linha com o encerramento de balcões e redimensionamento de serviços centrais”, referindo que o banco “fechou mais de 60 balcões em 2020, e tem estimado encerrar cerca de 30 agências durante este trimestre, estando previsto implementar durante este ano diversas automações e alterações de processos nos serviços centrais, de forma crescente”.

E é neste contexto que diz que procurará que as saídas de colaboradores “sejam feitas de comum acordo”, “privilegiará sempre que possível as aceitações voluntárias a processos unilaterais e formais”, tendo “sempre em consideração o contexto individual de cada colaborador e o contexto colectivo dos tempos actuais”.