André Ventura anuncia demissão. Ficou atrás de Ana Gomes
O líder do Chega ficou atrás da socialista Ana Gomes.
Foi o primeiro a lançar-se na corridas destas presidenciais, em Fevereiro de 2020, aproveitando o seu tempo de antena em benefício do partido do qual é líder: o Chega. Por ter ficado atrás de Ana Gomes, André Ventura falha o principal objectivo. Cumprindo com a sua palavra, apresentou esta noite a sua demissão como líder do Chega.
“Não fugirei à minha palavra e devolverei aos militantes do Chega [a decisão] se querem ou não a continuidade deste projecto à frente da esquerda”, disse no seu discurso num hotel em Lisboa.
“Fiquei aquém dos 15% e a algumas décimas da candidata que representa o pior que Portugal, a esquerda mais medíocre e mais colada àqueles que têm destruído de Portugal”, disse.
“Não haverá Governo em Portugal sem que o Chega seja parte fundamental e nós seremos essa transformação enorme. Porque a força que hoje criámos é a avalanche que vai derrubar todas as barreiras nas eleições autárquicas e legislativas”, afirmou. “Não há volta a dar: não haverá Governo sem Chega nos próximos anos”.
“Esmagámos a extrema-esquerda em Portugal”, disse, recebendo um forte aplauso. O candidato do Chega reclamou ter “mais votos que o partido comunista de João Ferreira, Marisa Matias e Tiago Mayan, todos juntos”.
Ventura termina esta eleição em terceiro lugar e não força uma segunda volta, como desejava. Ainda assim, consegue mais votos do que quando se apresentou como cabeça de lista do Chega em Lisboa nas legislativas de 2019.
A campanha foi marcada por momentos polémicos: acusações não provadas de perseguição por parte de adversários políticos, o episódio do esqueleto em Serpa, um jantar com 170 pessoas em plena pandemia, dos falsos membros da etnia cigana que apareceram a prestar apoio e das agressões em Setúbal.
Depois destas eleições, André Ventura mostra que tem peso político e que, apesar de ainda ser um partido de um homem só, o Chega conseguiu ganhar espaço mediático e de implantação. Resta perceber se o sistema que tanto critica o acolherá quando a aritmética governativa exigir geometrias mais variáveis.