Covid-19: Análises a águas residuais podem detectar novas variantes do vírus
Através da análise das águas residuais, é possível compreender quais as variantes do SARS-CoV-2 que estão presentes na população ao longo do tempo.
Análises a águas residuais podem detectar novas variantes do SARS-CoV-2 numa determinada área ainda antes da sequenciação clínica do vírus que provoca a covid-19, indica um estudo da Sociedade Americana de Microbiologia (SAM) agora divulgado.
Segundo o estudo, publicado no mBio, boletim de acesso livre da SAM, analisar as águas residuais “pode ser particularmente útil” para rastrear novas variantes do coronavírus responsável pela covid-19, como é o caso da detectada inicialmente no Reino Unido e que já está a espalhar-se pelo mundo.
“O vírus SARS-CoV-2 é expelido por indivíduos infectados e os seus resíduos fecais acabam nos sistemas de águas residuais. Ao analisar amostras de águas residuais, podemos obter informações sobre infecções de toda uma população”, explicou Kara Nelson, investigadora principal do estudo.
Segundo a professora de engenharia ambiental da Universidade de Berkeley, na Califórnia, a análise de águas residuais é uma “forma muito eficiente de se obter informações” sobre a presença de novas variantes do vírus numa determinada área, independentemente do número de pessoas testadas.
“Sabemos que existem indivíduos com infecção e que, por serem assintomáticos, podem nunca ser testados”, referiu a responsável do estudo, que aplica um método de sequenciação do ARN, na área da baía de São Francisco.
Os investigadores descobriram que os principais genótipos do SARS-CoV-2 detectados nas águas residuais eram idênticos aos aferidos clinicamente nesta região, o que permite, segundo o estudo, compreender quais as variantes do vírus que estão presentes na população ao longo do tempo.
“Saber que o SARS-CoV-2 está presente numa população é o primeiro passo para ajudar a controlar a propagação do vírus, mas saber que variantes que estão presentes fornece informações adicionais muito úteis”, defendeu a investigadora da SAM, que integra cerca de 30 mil cientistas de várias áreas, incluindo profissionais de saúde.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 2.041.289 mortos resultantes de mais de 95,4 milhões de casos de infecção em todo o mundo. Em Portugal, morreram 9246 pessoas dos 566.958 casos de infecção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direcção-Geral da Saúde.