Marcelo dá “puxão de orelhas” aos portugueses e admite mais restrições nos próximos dias

“Impressionado” com o que viu no Hospital de Santa Maria, o Presidente, e novamente candidato, sublinha que a situação é “muito crítica” e afirmou que, se o Governo quiser rever as medidas em vigor nesta semana, terá o seu apoio.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

Marcelo Rebelo de Sousa foi ao Hospital de Santa Maria como candidato, mas foi o Presidente da República que, à saída, admitiu que pode ser necessário rever as medidas do confinamento já nesta semana que agora começa. “Ou a sociedade percebe a gravidade da situação ou os políticos podem concluir que é necessário ir mais longe no fecho de actividades que ainda ficaram abertas, como sinal político à sociedade”, afirmou.

A ponderação política, adiantou Marcelo, pode ser feita já esta semana, a meio do estado de emergência em vigor: “Se for preciso reponderar medidas, o Governo terá o apoio do Presidente da República para essa reponderação, mais não seja como sinal político aos portugueses”, garantiu.

Neste momento, afirmou, “os políticos têm de analisar dia a dia, semana a semana, para ver se é necessário restringir ainda mais o confinamento”. E os portugueses têm de perceber que “fechar é fechar, confinar é confinar, não é confinar mais ou menos, não é fingir que confina”, não é “usar todas as excepções” ou “passear o cão três ou quatro vezes por dia”.

Marcelo considerou que os números da próxima semana, mesmo sendo anterior à renovação do estado de emergência, serão determinantes para “ver se é ou não preciso dar sinais políticos ainda mais fortes para os portugueses perceberem a gravidade da situação”. Mas recusou-se a falar de medidas concretas, em particular o encerramento de escolas, assunto sobre o qual a comunidade científica se dividiu na semana passada.

A alternativa a um confinamento mais rigoroso, por adesão do país ou reforço das medidas, é esta: “Um galope nas próximas semanas que torna o estado de emergência e o confinamento muitíssimo mais longos, mas entretanto provoca situações de stress e pré-ruptura ou ruptura pontual dos serviços.” 

Depois de ter visitado o hospital acompanhado pelo seu director clínico, o candidato mostrou os gráficos que lhe deram para mostrar que a situação é hoje incomparavelmente mais crítica do que no primeiro confinamento, tanto nas infecções como nos internamentos e nos cuidados intensivos. O Centro Hospitalar Lisboa Norte, que é o último reduto, um fim de linha aonde vêm parar doentes de outros pontos do país, tem neste momento apenas 12 vagas: 11 em internamento e uma em cuidados intensivos. Mesmo com a ampliação prevista, terá apenas 44 vagas. “A capacidade de ampliação não é ilimitada”, sublinhou.

Desde já, Marcelo avisa que até ao fim do seu mandato, a 9 de Março, prevê fazer mais três renovações do estado de emergência.

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