Covid-19: escolas abertas ou escolas fechadas? Na Europa não há uma receita única
França, que recomeçou as aulas presenciais na semana passada, é a maior excepção.
Muitos países europeus estão a adiar o regresso às aulas depois de estudos apontarem para um maior papel das crianças e adolescentes na transmissão do vírus que provoca a covid-19. França é a maior excepção e aposta nos testes rápidos para detectar casos antecipadamente.
Espanha
Muitas regiões mantêm as escolas sem aulas, algumas por causa das taxas de incidência do coronavírus, outras por causa dos nevões e do frio. A Catalunha é uma das excepções e depois de três dias extra nas férias de Natal, as aulas presenciais recomeçaram esta segunda-feira.
As autoridades espanholas defendem que as escolas não são locais de grande contágio, apoiados pelos dados do primeiro trimestre do ano lectivo.
No geral, o aumento da taxa de incidência no país (quase 300 casos por cem mil habitantes) levou a mais restrições em várias regiões, incluindo encerrar mais cedo restaurantes ou mesmo permitir apenas que funcionem com refeições para fora. Há restrições adicionais para a circulação que afectam mais de um milhão de residentes.
Alemanha
As escolas continuam fechadas desde que foi decretado o segundo confinamento no país (de 16 de Dezembro) e vão manter-se assim na maior parte dos estados federados. A partir desta segunda-feira, cada estado poderia decidir reabrir as escolas, se a média de novos casos a sete dias descesse (para 50 novas infecções por cem mil habitantes).
O maior problema na Alemanha é que as aulas à distância nem sempre funcionam – as plataformas de ensino à distância caem e os alunos ficam sem aulas, conta uma reportagem da emissora Deutsche Welle.
Noutras restrições no país, está encerrado o comércio não essencial, lazer e cultura, restaurantes funcionam apenas em take-away e é fomentado o teletrabalho. Moradores de regiões com alta incidência de casos (mais de 200 novos casos por 100 mil habitantes nos últimos sete dias) não se podem afastar mais de 15 km sem motivo válido.
França
As aulas recomeçaram a 4 de Janeiro, e o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, diz que o encerramento apenas se justifica “em países com vagas epidémicas particulares” e sublinhando que em França “há um protocolo já com provas dadas” e que será “reforçado” se for necessário. Antes das férias de Natal, a taxa de infecções nas escolas não era mais do que 0,3%, justificou, e vão ser feitos um milhão de testes rápidos nas escolas durante o mês de Janeiro.
Em caso de endurecimento de medidas, as escolas serão as últimas a fechar, disse o ministro. O director-geral da Saúde, Jérôme Salomon, declarou que é preciso estar “muito atento ao meio escolar e universitário” também pela possibilidade de regresso de jovens a viagens ao Reino Unido onde circula uma variante com maior transmissibilidade. Os professores deverão ser vacinados em Abril, logo que termine a actual fase de vacinação de grupos prioritários.
Entre as restrições em vigor neste momento estão o recolher obrigatório (das 20h às 6h, em algumas regiões das 18h às 6h), e os restaurantes mantém-se fechados apenas com serviço de take-away até meados de Fevereiro.
Itália
A grande maioria das regiões italianas optaram por manter as escolas (excepto as primárias) fechadas e as aulas em regime virtual, e apenas três regiões permitiram o regresso de alguns alunos às escolas (Toscânia, Abruzzo, Valle D’Aosta).
Houve uma série de protestos de alunos e pais pedindo o regresso às aulas presenciais – que o Executivo nacional defendia (para 50% dos alunos), mas a decisão foi deixada às regiões e a maioria preferiu não ter aulas presenciais, o que segundo o jornal Il Sole 24 Ore causou “uma confusão geral e disparidade entre alunos” pelo país.
As regiões prevêem recomeçar as aulas presenciais até 1 de Fevereiro, mas o país deverá reforçar medidas restritivas na sexta-feira.
Quanto a outras medidas, de momento está em vigor uma restrição de movimento entre regiões, e restaurantes operam (até às 18h, ou apenas com take-away) conforme a taxa de transmissão em cada região.
Reino Unido
Escolas e universidades estão em regime de ensino à distância até pelo menos meados de Fevereiro, e os exames de final do ano já não vão ser feitos como estava previsto. O Governo de Boris Johnson diz que as medidas são necessárias por causa da nova variante que se transmite com maior facilidade, e pede um esforço adicional na “última fase da luta”, quando as restrições acontecem ao mesmo tempo que a vacinação e as autoridades de saúde avisam que a situação “ainda vai piorar antes de ficar melhor”.
As escolas continuam, como no primeiro confinamento, a receber alunos em situação vulnerável ou de trabalhadores essenciais. Mas responsáveis de várias escolas em Inglaterra estão a queixar-se, segundo o Guardian, de receber muito mais pedidos de pais para que os filhos tenham aulas presenciais do que no primeiro confinamento, levando a medo de que esgotem a sua capacidade.
O país está no seu terceiro confinamento, com restrições como encorajamento do teletrabalho e restaurantes apenas com take-away.
Áustria
Na Áustria, as escolas estão em ensino à distância pelo menos até ao final desta semana. O ministro da Educação, Heinz Fassmann, diz que não é possível ainda dizer quando recomeçará o ensino presencial, algo que admite que gostaria que acontecesse o mais rapidamente possível. O Governo vai ter, a partir de 18 de Janeiro, 5 milhões de testes rápidos que esperam que sejam feitos antes de os alunos regressarem às salas de aula.
Além disso, os professores deverão começar a ser vacinados em Fevereiro. Antes, duas medidas para combater a transmissão do vírus nas escolas foram declaradas ilegais pelo Tribunal Constitucional: os juízes disseram que o Governo não deu razões suficientes para decretar o uso obrigatório de máscara e a divisão de turmas em dois turnos alternados (alguns alunos à 2ª e 3ª feira, outros à 4ª, 5ª e 6ª, tendo de ficar em casa nos outros dias).
A Áustria está no seu terceiro confinamento nacional, mantendo abertas apenas lojas essenciais.