Covid-19: vacinação nos lares está “a correr contra o aparecimento de surtos”

Primeiras doses das vacinas da Moderna devem chegar esta semana e serão as primeiras a ser destinadas também a profissionais de saúde dos hospitais privados

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Esta segunda-feira chegaram a Portugal mais 79.950 doses de vacinas Daniel Rocha

No dia em que chegaram a Portugal mais 79.950 doses da vacina da BioNTech-Pfizer contra a covid-19, e em que já foram vacinadas 74.099 pessoas no país, incluindo funcionários e utentes de 165 estruturas residenciais para idosos (ERPI) e de unidades da rede nacional de cuidados continuados integrados, a ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou que se está “a correr contra o aparecimento de surtos” nestes locais. Isto porque a vacinação é adiada em espaços onde esteja a decorrer um surto, atrasando, nesses casos, a toma da vacina.

“Estamos, de facto, a correr contra o aparecimento de surtos em estruturas deste tipo, tentando que as pessoas se mantenham seguras, livres da doença, até à vacinação”, disse a ministra esta segunda-feira, no final de uma reunião com a task force encarregada do plano de vacinação da covid-19, em que foi feito um ponto da situação do trabalho realizado e uma antevisão do que aí virá.

Marta Temido afirmou que “o grande objectivo é acelerar o processo de vacinação o mais possível”, admitindo que se vive um dos piores momentos desde que a pandemia começou. “Estamos numa situação mais pesada, mais complexa dos que as duas [vagas] anteriores que enfrentámos, mas também num momento em que começamos a perspectivar o que serão os resultados da vacinação, que só se alcançarão no prazo de vários meses. Portanto, mais um esforço adicional é indispensável para ultrapassarmos esta fase”, disse, no final da conferência de imprensa.

Acelerar o processo de vacinação consegue-se graças à chegada atempada das doses previstas, ao reforço de aquisição de vacinas já anunciado pela Comissão Europeia (e outros que estarão ainda a ser negociados, disse) e também à possibilidade de rentabilizar as vacinas já existentes, nomeadamente com a divisão de cada frasco da vacina da BioNTech-Pfizer em seis doses, em vez das cinco que foram inicialmente definidas. A autorização para que tal acontecesse foi dada pela Agência Europeia do Medicamento e está já a ser aplicada em Portugal desde 30 de Dezembro, esclareceu a ministra. 

Quanto a números, saíram vários da reunião. Marta Temido esclareceu que entre 26 de Dezembro e 4 de Janeiro chegaram ao país 159.900 doses de vacinas, ficando 140.400 no continente e sendo 19.500 enviadas para os arquipélagos da Madeira e dos Açores. 

Das vacinas que ficaram no continente, foram distribuídas 67.160 doses e reservadas 73.240, que deverão garantir que não há falha na segunda toma exigida, no caso de haver alguma falha nas entregas previstas.

Entre profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), do Hospital das Forças Armadas, do Instituto Nacional de Emergência Médica, e profissionais e utentes de ERPI e unidades da rede nacional de cuidados continuados integrados, foram vacinadas 74.099 pessoas. 

As vacinas que chegaram esta segunda-feira irão permitir vacinar mais 95.940 pessoas, disse a ministra, devendo ser destinadas “maioritariamente a ERPI, mas ainda a alguns profissionais de saúde do SNS e a profissionais de saúde de estruturas como o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e a agentes da GNR”, explicou ainda.

Vacinas da Moderna chegam a Portugal esta semana

A caminho estão também as vacinas da Moderna, cuja aplicação foi autorizada na Europa. O primeiro carregamento de 8400 doses deve chegar ainda esta semana, estando prevista uma nova entrega para a última semana de Janeiro. Quanto às doses que deverão chegar esta semana, em dia a confirmar, a ministra estima que sejam dedicadas a “profissionais de saúde prioritários de hospitais privados que têm colaboração com o SNS nas respostas a doentes com covid”.

Além das vacinas da Moderna está ainda prevista a chegada de dois novos carregamentos de vacinas da BioNTech-Pfizer a 18 e a 25 de Janeiro. Feitas as contas, a estimativa é que o processo de vacinação em curso, para os grupos já definidos, esteja concluído até ao final de Fevereiro.

Até lá, o trabalho para identificar mais pessoas que devem ser vacinadas urgentemente e o método para o fazer está em curso. “Pela nossa parte, continua o trabalho de identificação de pessoas que, em função da sua idade e das suas comorbilidades, irão ser vacinadas ainda nesta 1.ª fase, dentro do grupo prioritário idade/co-morbilidade, e também a preparação do que poderão vir a ser centros de vacinação para esse momento”, disse a ministra da Saúde.

Reconhecendo que ainda há muito por definir em relação à eficácia das vacinas, e quando os portugueses se preparam para entrar numa nova fase de confinamento, Marta Temido deixou mais um apelo: “Há muitos aspectos desconhecidos em relação à duração da imunidade que decorre da vacinação, em relação àquilo que a toma da vacina significa em termos de não-transmissão da doença, de doença mais ligeira, ou até em termos de letalidade. Mas o que sabemos é o suficiente para pedir a todos que se mantenham o mais seguros possível até que consigamos garantir uma cobertura o mais alargada possível da vacinação, num momento em que continuamos a sentir uma enorme pressão sobre o sistema de saúde, devido ao que são os novos casos”, disse.

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