Warnock vence Loeffler na Georgia e dá esperança aos democratas para o controlo do Senado

Media norte-americanos anunciam vitória de um dos candidatos do Partido Democrata e colocam o outro em vantagem sobre o adversário republicano.

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Raphael Warnock, um pastor baptista, é o primeiro senador negro a ser eleito pelo estado da Georgia ELIJAH NOUVELAGE/Reuters

A Associated Press e as principais televisões e jornais dos Estados Unidos anunciaram a vitória do democrata Raphael Warnock sobre a senadora republicana Kelly Loeffler, na segunda volta das eleições para o Senado, no estado norte-americano da Georgia.

Na outra eleição de terça-feira, os media dos EUA noticiam que o candidato do Partido Democrata Jon Ossoff está em vantagem sobre o senador republicano David Perdue, situação que abre perspectivas interessantes para os democratas. No entanto, ainda não há condições para declarar o vencedor.

Os resultados oficiais só deverão ser conhecidos nesta quarta-feira à tarde – até porque ainda se esperam alguns boletins de voto enviados por correio, confirmou o secretário de estado da Georgia, Brad Raffensperger.

Se os democratas conquistarem os dois lugares em disputa, conseguem igualar os 50 deputados do Partido Republicano na câmara alta do Congresso dos EUA e desempatar futuras votações com o voto da vice-presidente eleita, Kamala Harris – que será presidente do Senado por inerência do cargo.

Esse cenário daria ao Partido Democrata o controlo da Presidência, da Câmara dos Representantes e do Senado, facilitaria a aprovação de legislação e reformas e permitiria maior liberdade ao Presidente eleito, Joe Biden, para escolher os membros da sua Administração – que dependem da aprovação dos senadores.

Com 98% dos votos contabilizados em ambas as corridas, Warnock lidera sobre Loeffler por perto de 40 mil votos, ao passo que Ossoff tem uma vantagem de nove mil votos sobre Perdue. Terão participado nas duas votações cerca de 4,5 milhões de eleitores, um recorde em segundas voltas na Georgia.

Raphael Warnock, um pastor baptista, será o primeiro senador negro da Georgia e é o primeiro senador democrata a ser eleito no estado desde 2000.

“Ainda no outro dia – porque isto é a América – as mãos de 82 anos que apanhavam o algodão de outra pessoa foram às urnas e escolheram o seu filho mais novo para ser senador dos EUA”, reagiu Warnock, lembrando o passado da sua mãe nos campos de algodão do Sul do país.

“Disseram-nos que não iríamos conseguir vencer esta eleição. Mas esta noite provámos que, com esperança, trabalho árduo e com a população do nosso lado tudo é possível”, celebrou, através de um vídeo.

Trump e a fraude

A Georgia foi um dos estados conquistados por Joe Biden na eleição presidencial de 3 de Novembro e que contribuíram para derrotar o Presidente Donald Trump. Tal como nas votações desta terça-feira, também essa eleição foi decidida por poucos milhares de votos – 11.779, mais precisamente.

Devido a essa margem curta e no âmbito da narrativa da fraude eleitoral a favor dos democratas, promovida pelo Trump há vários meses, a Georgia esteve no epicentro dos processos judiciais e dos pedidos de recontagem exigidos pela campanha republicana – houve mesmo um telefonema recente do Presidente para o responsável pela certificação dos votos a pedir para este “encontrar 11.780 votos” e virar a votação a seu favor.

Apesar de todas as dúvidas e acusações lançadas sobre o sistema eleitoral norte-americano, o Presidente envolveu-se pessoalmente na campanha na Georgia, apelando à participação do eleitorado republicano.

Quando as projecções começaram a dar vantagem aos candidatos democratas, Trump voltou a insistir na tese da fraude eleitoral. 

“Parece que estão a montar um grande ‘aterro de votos’ contra os candidatos republicanos. Estarão à espera para perceber de quantos votos precisam?”, questionou o chefe de Estado no Twitter, numa mensagem prontamente sinalizada pela rede social como contestável.

Dia em cheio no Congresso

Esta quarta-feira será ainda marcada pela realização de uma sessão plenária no Congresso dos EUA, com congressistas e senadores, onde terá lugar a cerimónia de certificação dos votos do Colégio Eleitoral, que deram a vitória a Biden por 306 votos contra 232 de Trump.

Uma vez que há vários membros do Partido Republicano interessados em contestar esses votos – particularmente nos estados onde a vantagem do ex-vice-presidente democrata sobre o Presidente foi mais reduzida, como o Michigan, a Pensilvânia ou a Georgia –, esperam-se constantes interrupções nos trabalhos.

Trump e a ala mais radical do GOP querem mesmo que o vice-presidente, Mike Pence, responsável por confirmar a eleição de Biden como 46.º Presidente dos EUA, encontre uma forma de não validar os votos do Colégio Eleitoral e lançar o país para uma crise constitucional.

A tomada de posse de Joe Biden e da sua vice-presidente, Kamala Harris, está agendada para o dia 20 deste mês.

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