Globalização, ano zero

Víquingues na América, polinésios a cruzar o Pacífico, uma África interligada, cidades cosmopolitas na China e no mundo islâmico. No livro Ano 1000, O Verdadeiro Início da Globalização, Valerie Hansen, historiadora e professora na Universidade de Yale, defende que a globalização arrancou cinco séculos mais cedo do que se costuma supor.

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Representação da travessia atlântica de Leif Erikson ("Leiv Eirikson oppdager Amerika", 1895) num quadro de Christian Krohg (1852-1925), do acervo da Galeria Nacional, em Oslo

O pequeno barco de pesca partiu de Nagoya, na costa oriental do Japão, a 2 de Dezembro de 1832. Tinha como destino Tóquio, uma viagem relativamente curta, menos de 500 quilómetros, ao alcance da embarcação de 15 metros e dos seus 14 tripulantes. Porém, uma violenta tempestade desviou-os da rota. Foram empurrados pela corrente de Kuroshio, depois pela do Pacífico Norte, e só viram terra ao cabo de 14 meses. A tripulação, dizimada pelo escorbuto, reduzia-se a três homens quando desembarcou em Ozette, no estado norte-americano de Washington, perto da fronteira canadiana. Contra a sua vontade e expectativa, os marinheiros japoneses acabavam de completar uma travessia de 8 mil quilómetros, numa pequena embarcação pesqueira sem mastro ou equipamento de navegação transoceânica.

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