Espião preso 30 anos por roubar segredos aos EUA recebido como herói em Israel
Jonathan Pollard tinha sido condenado nos anos 1980 a prisão perpétua, mas foi libertado em 2015. Netanyahu foi ao aeroporto recebê-lo pessoalmente.
Um espião que passou 30 anos preso por roubar segredos de Estado nos EUA foi recebido em Israel com o estatuto de herói, onde agora pretende iniciar uma nova vida.
Jonathan Pollard trabalhava como analista da Marinha dos EUA quando foi preso em 1985 e condenado a prisão perpétua por ter vendido segredos de Estado a Israel. Na altura, Pollard defendeu-se dizendo que se sentia frustrado ao aperceber-se que Washington escondia do seu aliado histórico informações importantes.
Inicialmente, as autoridades israelitas negaram que Pollard fosse um espião, e disseram que apenas trabalhou ao serviço de dirigentes que agiam à revelia do Governo de Telavive. Porém, em 1995, o Estado israelita concedeu-lhe a cidadania e, três anos depois, reconheceu oficialmente que Pollard era um agente ao seu serviço.
A libertação de Pollard passou a ser uma questão frequentemente levantada por sucessivos governantes israelitas junto das Administrações norte-americanas, incluindo como moeda de troca no âmbito de negociações de paz do conflito israelo-palestiniano. Grupos pró-israelitas montaram durante anos grandes operações de lobbying e a sua segunda mulher, Esther, chegou a ficar 19 dias em greve de fome para pressionar o Governo israelita a fazer mais pela sua libertação.
Depois de ver várias recusas de pedidos de amnistia, em 2015, Pollard foi libertado em regime condicional, mas com a proibição de sair dos EUA durante cinco anos. Esse prazo terminou em Dezembro e esta semana partiu com a mulher para Israel.
Em Telavive, Pollard foi recebido pessoalmente, a 30 de Dezembro, pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que lhe deu as boas-vindas. “É óptimo que tenha finalmente vindo para casa. Agora pode começar uma vida nova, com liberdade e felicidade”, afirmou Netanyahu.
Ao longo da sua carreira de espionagem ao serviço de Israel, Pollard foi uma fonte profícua de informação, fornecendo, por exemplo, relatórios sobre os gabinetes da Organização para a Libertação da Palestina em vários países, pormenores sobre a produção de armas químicas sírias e relatos de venda de armamento soviético à Síria e outros países árabes, diz a BBC, que cita o então correspondente do Jerusalem Post, Wolf Blitzer (hoje conhecido jornalista da CNN).