Consumo de cimento soma crescimento de 9% até Outubro
Em contraciclo com a economia, consumo atingiu cerca de três milhões de toneladas. Índice de produção da construção caiu em Outubro.
A indústria do cimento está em contraciclo com a evolução da actividade económica, a acompanhar a trajectória em alta da construção, embora recentemente a ressentir-se dos efeitos da pandemia.
Nos dez primeiros meses do ano, o consumo de cimento medido pela Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN) registou um aumento de 9,3% em relação ao mesmo período de 2019.
Ao todo, de Janeiro a Outubro foram consumidas cerca de três milhões de toneladas, “volume que, a dois meses do final do ano, supera já o valor anual médio registado desde 2011”, indica a AICCOPN na síntese estatística da habitação divulgada nesta segunda-feira.
Os indicadores da associação revelam um ligeiro abrandamento em relação a Setembro, altura até à qual o ritmo de crescimento do consumo de cimento seguia nos 10,4%.
Os últimos indicadores do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que “as vendas de cimento produzido em território nacional, já disponíveis para Novembro, aceleraram no último mês, após o abrandamento verificado em Setembro e Outubro”. Já as vendas de varão para betão produzido no país abrandaram nos últimos dois meses, tendo havido em Outubro uma travagem significativa “após os crescimentos significativos observados em Agosto e Setembro”, revela a síntese de conjuntura divulgada pelo INE na semana passada.
Os indicadores da AICCOPN mostram ainda que o número de licenciamentos municipais de edifícios habitacionais regista, até ao final de Outubro “uma ligeira quebra de 2,1%, em termos homólogos, em resultado de uma estabilização na construção nova e de uma contracção de 8,8% nas obras de reabilitação licenciadas”.
Quanto ao licenciamento de fogos em construções novas, “assiste-se a uma ligeira quebra de 3,2%, em termos homólogos, para 20.065 alojamentos”. O volume de novos empréstimos concedidos para a compra de habitação chega aos 9100 milhões de euros até Outubro, “montante que traduz um aumento de 6,4% face a igual período do ano anterior”, indica a associação. Em Outubro, “o valor de avaliação bancária atribuído às habitações, no âmbito da concessão de crédito, registou um aumento de 0,3% em relação ao mês anterior e de 5,8% em termos homólogos, fixando um novo máximo histórico em 1131 euros/m2”.
O Banco de Portugal prevê que a economia portuguesa atinja uma contracção de 8,1% neste ano de 2020, projectando uma recuperação a partir da segunda metade de 2021, com um crescimento anual de 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
Na análise à evolução da actividade económica que divulgou no início do mês, o banco central indica que a descida que se está a verificar nas exportações este ano está a ser compensada, em parte, por uma “menor redução do consumo privado e da FBCF [formação bruta de capital fixo], em particular, da construção”, que, estando em crescimento, fez com que esse indicador tenha caído menos em Portugal do que na “generalidade dos países europeus”.
A formação bruta de capital fixo “registou no terceiro trimestre um crescimento ligeiro de 0,5%, após uma queda de 8,5% no trimestre anterior, beneficiando do crescimento robusto do investimento em construção e da recuperação do investimento em máquinas e material de transporte”, referia o Banco de Portugal.
Apesar desta trajectória, não só o índice de produção na construção medido pelo INE conheceu uma diminuição de 2,7% em Outubro face ao mesmo mês do ano passado (já tinha caído 1,6% em Setembro) como o indicador de confiança da construção e obras públicas relativo já a Novembro registou uma queda acentuada, “interrompendo o perfil de recuperação observado entre Maio e Outubro”, após a contracção que se observara em Abril durante a primeira vaga da pandemia.