Ritmo de vacinação em Israel surpreende, Hungria, Eslováquia e Alemanha já começaram a vacinar
O ritmo é muito diferente nos países que já começaram a vacinar. Em Israel vacinam-se mais de 60 mil pessoas por dia e espera-se chegar às 100 mil/ diárias, enquanto outros lutam para chegar às metas. Hungria começou a vacinar e a Eslováquia também. E na Alemanha já foram vacinadas 50 pessoas num lar.
Ser vacinado às 4h da manhã? Ou dentro do próprio automóvel num centro drive-through? Israel e o Reino Unido estão a tentar acelerar os seus programas de vacinação, sobretudo depois da identificação de uma nova variante do SARS-CoV-2, o vírus que provoca a covid-19, que se pensa poder ser transmitida com mais facilidade.
Israel foi durante dias o país que esteve à frente em número de vacinas em relação à população. Foram já vacinadas 250 mil pessoas, um número acima das expectativas quando o programa começou oficialmente no domingo passado (depois de na noite anterior, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, ser vacinado para dar o exemplo). O Bahrein, com pouco mais de milhão e meio de habitantes, é neste momento o país à frente neste indicador, tendo Israel passado para segundo.
O programa israelita surpreendeu até no próprio país, onde se esperava que o objectivo de 60 mil vacinas por dia fosse atingido só depois da primeira semana de vacinação, mas acabou por ser alcançado ao quarto dia.
O ministro israelita da Saúde, Yuli Edelstein, sugeriu, entretanto, que a vacinação passasse a ser feita em contínuo, 24 horas por dias, cinco dias por semana, numa altura em que o país entra no terceiro confinamento nacional. No entanto já dois rabinos vieram manifestar-se contra a ideia da vacinação no shabbat, o dia de descanso e reflexão.
Caso fosse possível ter a vacinação em contínuo, poderiam ser vacinadas cerca de 100 mil pessoas por dia – um número impressionante.
No Reino Unido, o primeiro país a começar a campanha com a vacina da BioNTech/Pfizer no dia 8 de Dezembro, a vacinação decorre mais lentamente. Segundo os dados mais recentes, divulgados a 24 de Dezembro, entre 8 e 20 de Dezembro foram vacinadas mais de 600 mil pessoas.
Na tentativa de ganhar velocidade, o Reino Unido criou, entretanto, centros de vacinação drive-through, em que basta estender o braço sem sair do carro – foi o primeiro país a fazê-lo.
O programa britânico tem, no entanto, sido criticado por falta de transparência sobre as doses da vacina já recebidas e sobre os números de vacinação por região.
Além disso, responsáveis do NHS, o serviço público de saúde, disseram que as vacinas tardam a chegar a hospitais e médicos de família. O presidente da comissão de clínicos gerais da Associação Médica Britânica, Richard Vautrey, queixou-se de que muitos médicos de família não têm ainda vacinas o que está a causar “frustração”. E nos hospitais, duas semanas depois da primeira vacina ter sido dada, mais de metade das fundações que gerem hospitais não tinham ainda recebido vacinas, segundo o diário britânico The Guardian.
Em contraste, nos consultórios onde se está a vacinar das 8h às 20h, o ritmo de trabalho está a ser compensado pela reacção de quem recebe a vacina. Num consultório em Norfolk, o médico de clínica geral Prabir Mitra vem documentando o esforço de vacinação com um diário fotográfico. Uma das fotos especiais é a de um paciente de 95 anos que se vestiu a rigor com um fato de três peças e chapéu para a ocasião da vacina. Com o pormenor de que tinha cortado a manga da camisa, para que fosse mais simples receber a injecção. Mitra diz que foi a primeira vez em muitos meses que viu os seus pacientes terem esperança.
Nos Estados Unidos, a vacinação que começou a 14 de Dezembro passou a marca de um milhão de primeiras doses (tal como em Israel e no Reino Unido, as vacinas usadas precisam de uma segunda dose de reforço). Mas a campanha está a andar mais devagar do que o esperado: a CNN lembrava que responsáveis tinham apontado como meta ter 20 milhões de pessoas vacinadas até ao final do ano.
E também havia protestos, por exemplo no Hospital de Stanford, na Califórnia, onde mais de cem médicos se manifestaram por não terem sido incluídos no grupo de pessoas prioritárias, quando outros colegas que dão consultas de telemedicina foram vacinados.
Vários outros países começaram também a vacinar, como a China (ainda de forma limitada) ou a Rússia, que têm as suas próprias vacinas. Esta semana houve ainda o início de vacinação na Suíça, no México, Chile, e na Costa Rica.
Na União Europeia, a vacinação tem data de início marcada para domingo na maioria dos países, que receberam as vacinas durante este sábado, mas a Hungria destacou-se por ter começado logo a vacinar profissionais de saúde (a Eslováquia também anunciou que começaria ainda durante a noite de sábado).
Na Alemanha, por outro lado, a campanha começará este domingo como planeado, mas no sábado já foram vacinadas 40 residentes e dez funcionários de um lar no estado federado da Saxónia-Anhalt. A imagem da primeira vacinada, Edith Kwoizalla, 101 anos, foi publicada na maioria dos sites de notícias, que sublinhavam que “manteve um sorriso sob a máscara de protecção”.
Na maior parte dos países da UE as primeiras doses a receber não vão além das 10 mil, diz a agência Reuters. Por isso, os programas de vacinação em massa deverão começar apenas em Janeiro.