Activista pró-democracia de Hong Kong Nathan Law pediu asilo ao Reino Unido
Law espera que a sua presença em Londres ajude a mudar a postura do Reino Unido e Europa em relação à China. Esta não é ainda assertiva, diz, ao contrário dos EUA.
O activista pró-democracia Nathan Law, que deixou Hong Kong em Junho na véspera da entrada em vigor de uma Lei de Segurança Nacional que lhe traria “perigos desconhecidos”, anunciou que fez um pedido de asilo ao Reino Unido, uma escolha para chamar a atenção para a ameaça representada pela China.
“Durante muito tempo, demasiadas pessoas agiram segundo a fantasia de que a China seria um parceiro estratégico do Ocidente, talvez até uma parte do mundo democrático”, escreveu Law num artigo de opinião no diário britânico The Guardian. “O processo de despertar desta ilusão leva tempo”, continuou.
“Nos Estados Unidos, neste momento, há um consenso bipartidário numa postura assertiva em relação à China, que é vista como um dos maiores inimigos do país. Não é assim no Reino Unido e na União Europeia, onde esse consenso ainda tem de ser construído.”
Na altura em que saiu de Hong Kong, temendo os efeitos da nova Lei de Segurança Nacional (que criminaliza críticas e manifestações de oposição como sedição, secessão, conluio com estrangeiros e terrorismo) e por ter antes falado no Congresso dos EUA sobre a crise em Hong Kong (o que poderia ser englobado no conluio com estrangeiros), a sua história trouxe atenção para o que se estava a passar. “A partida de um activista importante deu o sinal de que tinha acontecido algo muito errado na cidade”, escreveu Law.
“Sou o primeiro antigo deputado de Hong Kong, e o mais jovem eleito na história, a viver uma vida de exílio”, escreveu.
Nathan Law foi um dos protagonistas do movimento dos guarda-chuvas, em 2014, que reivindicava sufrágio universal para todos em Hong Kong. Formou, com Joshua Wong e Agnes Chow, um partido, quatro candidatos conseguiram ser eleitos deputados, mas foram depois destituídos pelo Supremo Tribunal.
Os três também foram de novo figuras importantes no movimento contra a lei da extradição, que levou a uma série de grandes protestos em 2019. Estas foram as maiores manifestações populares desde a transferência da soberania de Hong Kong para a China, em 1997.
Wong e Chow estão presos, condenados por promoverem protestos não-autorizados.
Law também foi acusado, e pende sobre si um mandado de captura das autoridades de Hong Kong por ter, com outros activistas, desafiado a proibição de reuniões por causa da pandemia para assinalar o massacre de Tiananmen.
Com base na Lei de Segurança Nacional de Junho, foram detidas até ao princípio de Dezembro pelo menos 31 pessoas (incluindo dez entre um grupo de 300 que participavam num protesto logo no dia em que foi aprovada).
“Espero que a minha presença faça soar o alarme para lembrar às pessoas o grau de perigo que o Partido Comunista Chinês representa para os nossos valores democráticos”, escreveu ainda. “Não nos devíamos concentrar nos ganhos económicos – temos tanto a perder.”