Rio alerta para “falta de controlo” das fronteiras portuguesas

Presidente do PSD esteve reunido com representantes sindicais e laborais do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e recusou reproduzir publicamente os relatos que lhe foram feitos no encontro.

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O líder do PSD esteve reunido com representantes sindicais e laborais do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras LUSA/JOSÉ COELHO

O líder social-democrata, Rui Rio, denunciou esta segunda-feira que “não há um controlo capaz das fronteiras portuguesas” e revelou que há cidadãos obrigados a ter um teste à covid-19 e que “entram sem o ter”. “Daquilo que ouvimos lá dentro é que não há um controlo capaz das fronteiras portuguesas, há muitas deficiências na forma como estão a ser controladas”, declarou Rui Rio.

Em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião com representantes sindicais e laborais do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o presidente do PSD disse ter ficado “muito preocupado” com os relatos de situações que lhe foram feitos e recusou reproduzi-los. 

“Acho que em termos públicos não devo sequer reproduzir relatos que ali ouvi, mas devo guardá-los e estar consciente da situação porque penso que nós temos de ter as nossas fronteiras muito mais bem organizadas, muito mais bem policiadas. Repito os exemplos que ouvi são exemplos que me deixam altamente preocupado”, partilhou, dando apenas um exemplo: “Há cidadãos que não trazem o teste feito e têm de o fazer aqui, mas muitos entram sem o fazer.”

Questionado sobre as restrições impostas pelo Governo a cidadãos provenientes do Reino Unido devido a uma nova estirpe do coronavírus, Rio disse concordar com as medidas que apenas permitem a entrada de cidadãos portugueses e residentes em território nacional e mediante a realização de um teste. “Concordo como é lógico. Se me pergunta se temo, face ao que ouvi aqui, que não seja fiscalizado, digo que temer, posso temer, mas não há-de ser uma quantidade assim tão grande que não permita uma fiscalização adequada”, afirmou.

Abordada na reunião foi também a morte do cidadão ucraniano, Ihor Homenyuk, que terá sido vítima de violentas agressões por três inspectores do SEF, e sobre este assunto, que deixou o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, debaixo de fogo, Rio disse não ter novidade nenhuma e aproveitou para lamentar o que aconteceu no aeroporto de Lisboa, ao mesmo tempo que pediu cautela em futuras denúncias de maus tratos.

“Cada vez que há um relato deve haver uma averiguação, a verdade é que não podemos agora, através de exemplos que possam não ter adesão à realidade, ir criando sobre as polícias e, neste caso sobre o SEF, uma desautorização, porque isso ainda degrada mais as situações que ouvimos”, apelou Rui Rio, declarando que o caso do cidadão ucraniano ter-se-á tratado de um “caso pontual”, mas “muito grave”.

“Uma coisa é aquele episódio ser uma coisa pontual, muito grave, mas pontual, outra coisa é sucederem-se situações de agressão e de maus tratos. Aquilo que nós ouvimos é que assim não é, que a situação não é sistémica, mas isso não impede, naturalmente, que as situações sejam investigadas”, defendeu ainda Rui Rio, alertando para a falta de recurso humanos e de instalações.

“Há falta de meios humanos e há falta de instalações e essa falta de instalações leva, por exemplo, a que estejam mais de 100 pessoas a aguardar por repatriamento, por exemplo, em locais onde só cabem 50 pessoas”, contou, advertindo que “essa falta de condições gera depois tensões que são altamente indesejáveis e que podem levar a abusos - nunca a um abuso como aquele como aconteceu com o cidadão ucraniano e que foi absolutamente intolerável”. E deixou uma sugestão: “É conveniente que as instalações sejam adequadas àquilo que é necessário e que o número de recursos humanos também seja adequado”.

Os jornalistas questionaram Rio sobre o polémico tweet que escreveu na sexta-feira, em que referia a morte do cidadão ucraniano para comentar uma sondagem que dava o PSD a descer e que foi alvo de muitas críticas vindas de sociais-democratas menos próximos do líder. “A sondagem, em minha opinião, é algo que é quase um insulto à nossa inteligência: com tudo aquilo que tem acontecido no país de desgoverno e em que o caso mais grave é a morte de um cidadão ucraniano, é quase um insulto dizer que o PS e o Governo continuam a subir. É essa a ironia que aí está”, contextualizou Rio, revelando que o seu tweet não foi só “muito criticado”, foi também foi “muito apoiado”.

Já relativamente às críticas feitas na sexta-feira pelo ex-líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que acusou o Governo, no caso SEF, de estar a fazer “uma fuga às suas responsabilidades”, Rio respondeu concordar com elas.

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