O ano em que o fim do mundo se tornou possível
2020 foi o ano em que convivemos com a catástrofe e o fim ficou mais perto. O que é que a pandemia nos ensinou? Os filósofos andam às voltas com o problema, enquanto os artistas tacteiam caminhos para sair do caos. Entre distopias e utopias, é o corpo do espectador que pode renascer.
José Gil, um filósofo muito cá de casa, escreveu dois ensaios sobre a pandemia publicados neste jornal em Março e Abril. No primeiro, intitulado Medo, explicava como o receio de uma morte imprevista e absurda igualizava homens e mulheres, introduzindo a experiência de uma “globalização existencial”, com todos a vivermos o mesmo tempo pandémico; no segundo, com o corpo já a acumular várias semanas de confinamento, propunha que a pandemia pudesse vir a modificar o modo de vida das sociedades actuais ancoradas no capitalismo industrial financeiro, mas já com um pé no capitalismo digital.
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