A tentativa de golpe de Estado de Donald Trump e do Partido Republicano
Trump quer uma guerra civil e faz tudo para a ter. E a questão é que, mesmo que Trump tenha que sair a mal, não vai acabar. Vai ser preciso mão de ferro. Não sei se haverá.
Escrevi exaustivamente sobre Trump nestes últimos quatro anos e houve quem achasse que exagerava. Escrevi que o que de mais importante em política se passava vinha dos EUA, e houve quem achasse que exagerava. Escrevi que havia “novidade”, ou seja, criação, como criação nas artes, nas letras, no que Trump estava a fazer e que este era uma personagem carismática no verdadeiro sentido da palavra, que é tão abastardada no seu uso corrente, e houve quem achasse que era um disparate. Escrevi que o Partido Republicano de Trump se tinha tornado num estendal repugnante de sicofantas pelas benesses do poder e de covardes, vergando-se por interesse a um culto de personalidade maléfico sem princípios, e não houve quem achasse coisa nenhuma porque Trump ainda suscitava atenção, mas os republicanos eram uma coisa americana. Escrevi que Trump não era democrata, era autocrático e autoritário, desprezava a lei e a Constituição, era capaz de tudo para se servir a si próprio, tendo cometido ilegalidades a seguir a ilegalidades. Escrevi que havia claros sinais de perturbação mental na personalidade de Trump, um narcisista mentiroso patológico (como disse numa intervenção certeira Ted Cruz antes da sua epifania pró-Trump...), e houve quem achasse que era apenas “política” de novo tipo e uma excepcional demonstração de inteligência de um génio da economia e da negociação. Escrevi que a melhor definição de Trump dada por um nova-iorquino sobre outro nova-iorquino era que ele era um “con man”, um trapaceiro, um vigarista em tudo nos negócios e na política. Escrevi que o “trumpismo” estava para ficar mesmo que Biden ganhasse as eleições. Escrevi que Trump não iria sair a bem e que iria tentar uma espécie qualquer de golpe para se manter no poder e de novo passei por exagerado, mas neste último caso já havia bastantes “trumpistas” em Portugal, pelo que na cloaca das redes sociais houve quem jurasse que não, sairia com elegância, etc., etc.. Na verdade, por muito que dissesse, estava bastante abaixo do que aconteceu e do que acontece.
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