Ondjaki: “Eu não opero com língua de dicionário, eu opero com língua de barro”

Andou às voltas com um cubo mágico para chegar aqui, onde tudo se encaixa. No ano em que comemora 20 anos de vida literária, lançou O Livro do Deslembramento , autoficção onde regressa às personagens da sua até agora tetralogia dedicada à Luanda dos anos 80. Para o angolano, é o mais psicológico e também aquele em que os escudos literários estão mais em baixo.

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Ondjaki, de seu verdadeiro nome Ndalu de Almeida, regressa em O Livro do Deslembramento (ed. Caminho) à infância e juventude da personagem Ndalu, dos seus tios, avós e amigos da Luanda dos anos 1980/90. Essa Luanda em que “uma pessoa não sabe passar um dia só sem inventar uma estória” vista pelos olhos de uma criança. Obra de autoficção, livro “composto a partir de memórias que derreteram ao sol”, é seguramente uma das mais belas e conseguidas em língua “desportuguesa”. Pode ler-se de várias maneiras, sem ordem cronológica de capítulos. E dá a sensação de que todos estes anos Ondjaki andou às voltas com um cubo mágico para chegar aqui, onde tudo se encaixa. Como se fosse a essência do que vinha de trás. 

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