Hospitais de Lisboa e Alentejo vão continuar pressionados
Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares prevê “aplanar da curva” no Norte, Centro e Algarve. Mas não na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Dentro de uma semana o número de internados por covid-19 nos hospitais pode chegar, no pior dos cenários, aos 3897, de acordo com as estimativas divulgadas pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) neste sábado. Isto significaria um acréscimo de 602 camas para além das 3295 que os doentes infectados pelo novo coronavírus ocupavam à data desta quinta-feira. Ou seja, um aumento de cerca de 18%.
A APAH nota que se as estimativas apontam para “o aplanar da curva” nas áreas correspondentes às administrações regionais de saúde do Norte, Centro e Algarve, o efeito tarda a chegar à região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) e Alentejo. “A pressão global diminui, mas ainda não nestas duas ARS.” Alguns dados: no pior dos cenários LVT terá 1702 doentes internados, dos quais 242 a precisarem de ventilação mecânica. O Alentejo pode chegar aos 211 internados, 29 nos cuidados intensivos. “O Rt [índice de transmissão] continua alto em Lisboa [onde é de 1] e está mais controlado no Norte [0,96]”, justifica o presidente da APAH, Alexandre Lourenço
Todas as semanas o PÚBLICO divulga as estimativas da APAH sobre os internamentos por covid-19 previstos para a semana seguinte, tendo em conta a actual situação epidemiológica. Os dados permitem saber quantas camas serão necessárias e quais os recursos humanos que terão de ser mobilizados nos hospitais.
As estimativas baseiam-se na informação sobre infecções publicada pela Direcção-Geral da Saúde e consideram dois cenários de progressão da infecção através da análise de sensibilidade de variação do Rt. O cenário optimista baseia-se na redução de 2% do Rt, e o cenário pessimista baseia-se no aumento de 2% do Rt. Os cálculos sãp feitos através da utilização da ferramenta Adaptt, desenvolvida pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e pela Global Intelligent Technologies, em colaboração com a Organização Mundial de Saúde. Os valores divulgados neste sábado referem-se à previsão da utilização de recursos na próxima sexta-feira, 11 de Dezembro.
Num cenário mais pessimista, como se disse, haverá no país 3897 doentes internados na próxima sexta-feira, dos quais 587 nos cuidados intensivos (mais 61 do que actualmente). Este cenário implica a mobilização de cerca de mil médicos (1022) para tratarem destes doentes, dos quais 294 em unidades de intensivos, e 7182 enfermeiros.
Num cenário que contempla uma progressão mais favorável da epidemia, 3343 é o máximo previsto de doentes internados, dos quais 517 em unidades de cuidados intensivos a precisarem de ventilação mecânica (menos nove do que actualmente). Este cenário prevê que sejam necessários 881 médicos, dos quais 258 em cuidados intensivos, e 6166 enfermeiros.
“A resposta do sistema não está a ser a ideal”, diz Alexandre Lourenço. “O sistema está a funcionar mas não está a funcionar bem. Está em sobrecarga. Há doentes não covid a ficar para trás, há cirurgias que não estão a ser realizadas”, recorda. Ou seja, a diminuição da pressão é um indicador positivo, mas “estamos longe de estar numa situação confortável”.