O Natal que resiste (nem que seja online)

Com um Natal em família adaptado às circunstâncias, as restrições levaram ao corte de muitos dos tradicionais eventos públicos da época. Mas alguns resistem, nem que seja online.

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Francisco Romao Pereira

Há sempre uma luz de Natal

Entre tantas restrições e redução de programas públicos, haverá quem se limitará à volta das luzes de Natal, das poucas tradições que, apesar de tudo, se mantém por todo o país. Mesmo que a obrigatória árvore possa faltar: é o caso do Porto, com celebrações também reduzidas mas com luzes para admirar. O mesmo em Lisboa, mas com árvore no Terreiro do Paço e uns 25km de corrente luminosa, além de se manterem alguns concertos. De Ponta Delgada (onde foi suspensa a programação natalícia, apenas com eventos pontuais) ao Funchal e por Portugal continental não faltam luzes para cumprir a tradição (e iluminar o comércio). Boa parte das câmaras municipais e turismos vai também transmitir online concertos e outros eventos.

À volta dos grandes presépios

Alguns dos presépios mais célebres foram cancelados. Casos do Presépio Vivo de Priscos ou do Penela Presépio (um dos maiores eventos natalícios do Centro). Mas não faltam pequenos ou até “o maior presépio de Portugal”: é visitável em Vila Real de Santo António e tem 5600 figuras. Na Marinha Grande, toma a forma do Presépio Tradicional de Filipe Ferreira e está no Museu do Vidro. Por Viana do Castelo, inauguram-se dia 11 os Presépios de Artesanato. Já o Sabugal não desistiu do “maior presépio natural do país": está no largo do Castelo a partir de quarta e usa o máximo de elementos naturais possível em mil metros quadrados.

O madeiro que arde online

Tal como prometem muitas das autarquias, boa parte dos festejos, entre concertos e outras actividades transferiu-se para a net. Até uma tradição de vários concelhos do Interior: o Madeiro de Natal, que arde toda a noite ao adro da igreja. No caso da Guarda, por exemplo, já se sabe que não haverá fogueira, enquanto outros concelhos aguardam directivas para finalizar o programa. Caso do “maior madeiro de Portugal”, que arde todos os anos em Penamacor. Sem desistir de celebrar-se como Vila Madeiro (e de 7 a 25) opta por iniciativas online, embora à hora de fecho ainda não fosse possível divulgar o programa, apurou o PÚBLICO junto da autarquia. Será que o madeiro vai arder?

Sem Festas dos Rapazes?

Não é só Carnaval, os caretos também fazem tropelias no Natal. É tradição do nordeste transmontano e os caretos vão pelas ruas à volta do solstício de Inverno. Este ano, as Festa dos Rapazes, em que são célebres os caretos de Varge ou Ousilhão (Bragança) que percorrem as aldeias entre os dias 24 e 26, ou são canceladas ou apenas “simbólicas. “Se estão a pedir às famílias para não se juntarem, não vamos nós juntar-nos”, disse ao PÚBLICO o presidente da União das Freguesias de Aveleda e Rio de Onor (que integra Varge), Mário Francisco Gomes. Ainda assim, o responsável aguardava pelas directivas, mas sem ponderar “ajuntamentos”, “talvez com os mordomos [que presidem à celebração] a darem as bênçãos”. Mas tudo em segurança. Por Ousilhão, Luís Meirinho, da Associação Cultural, Recreativa e Desportiva, dizia ao Jornal de Notícias que “vamos fazer alguma coisa para o mascarado sair à rua”, mas não há novidades. 

Uma Aldeia Natal 2.0

Assume-se como a Aldeia Natal da serra da Estrela e todos os anos escancara as ruas às visitas, enfeitadas com ornamentos construídos a partir de folhas, pinhas, musgo. Este ano, a Cabeça (Seia) vai iluminar-se (é um verdadeiro postal), mas quer é que a deixem em paz. Porém, chegará a todo o mundo via cabecaaldeianatal.pt. Há workshops de eco-enfeites, cozinha e mercado online. A ideia é disponibilizar os contactos dos artesãos e pequenos produtores” para que as pessoas possam comprar, explicou a organização ao PÚBLICO.

Com ou sem Missa do Galo?

É uma resposta que se espera que saia da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) no Conselho Permanente marcado para quarta-feira. O secretariado-geral da CEP indicou numa nota de esclarecimento em Novembro: “estaremos atentos às condições que se venham a registar na época natalícia”, “tomaremos as orientações necessárias”. D. José Ornelas, presidente da CEP, reafirmara que “é possível celebrar em segurança no interior dos templos”.

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