Qual é a vacina mais segura para a covid-19? A primeira que puderes tomar

Com uma vacina que não é de agora e um vírus cujas características permitem o desenvolvimento de meios de imunização, o fim da pandemia não é apenas uma questão de tempo, mas uma certeza.

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Reuters/DADO RUVIC

Dependendo da desinformação a grassar pelos meios de comunicação e redes sociais, ninguém mas mesmo ninguém vai querer ser o primeiro a tomar a vacina para o novo coronavírus. Antes pelo contrário, vamos ficar todos na expectativa e à espera dos resultados das primeiras cobaias, ou assim pensamos serem estes as primeiras “cobaias”, esfregando as mãos de contentes enquanto alegremente disseminamos a maldita infecção. Mas as vacinas em desenvolvimento não só já foram testadas como a sua produção não é de agora. Sendo a ignorância ainda o maior de todos os males, vamos aos factos.

A facilidade em desenvolver uma vacina está intrinsecamente ligada ao tipo de agente, ao tipo de vírus. Nos casos do vírus do sarampo ou da rubéola o processo é relativamente simples, bastando recorrer ao agente infeccioso no estado inactivo ou a proteínas do mesmo de modo a desencadear uma resposta imunitária no corpo humano. O mesmo não se pode dizer no caso de vírus passíveis de sofrer muitas mutações (como são exemplo o VIH e o vírus da gripe) e para os quais ainda não existe vacina. A mesma dificuldade existe no caso de vírus capazes de ficarem adormecidos até serem reactivados (como o da herpes) ou vírus capazes de escapar ao sistema imunitário do hospedeiro (novamente o VIH).

Ora, a investigação desenvolvida até à data sobre o SARS-CoV-2 revela um vírus não só facilmente detectável pelo sistema imunitário mas também com uma taxa de mutabilidade relativamente baixa, factores essenciais para o desenvolvimento de uma vacina. O facto de se terem desenvolvido várias vacinas numa questão de meses resulta, por conseguinte, das características do vírus em si, aliadas ao uso de tecnologia de ponta desenvolvida ao longa das últimas décadas para o combate ao VIH e malária, sem esquecer todo o trabalho desenvolvido entre 2003/2004 aquando da pandemia da síndrome respiratória aguda grave (SARS). 

De facto, remonta a esta data a identificação do antigénio de eleição nos coronavírus, a proteína da espícula, a qual é responsável pela produção de anticorpos protectores. Este conhecimento prévio e o esforço conjunto da comunidade científica possibilitaram a sequenciação desta proteína em tempo recorde e, consequentemente, a criação de inúmeros candidatos a vacinas para a covid-19.

Dada a urgência desta investigação, a flexibilização de toda a burocracia ao redor da avaliação das vacinas sem o comprometimento do seu rigor permite-nos, ao fim de 15 anos, criar tantas, e tão desejadas, vacinas para um agente em tudo condicionante das nossas vidas. Quinze anos, perguntam vocês? Então não eram só dez meses? Não, são mesmo 15 anos, tantos quantos os anos passados desde a descoberta do antigénio acima descrito. Assim, são desta altura os primeiros testes com as fórmulas usadas hoje pelos principais candidatos a vacinas.

Conclusão: com uma vacina que não é de agora e um vírus cujas características permitem o desenvolvimento de meios de imunização, o fim da pandemia não é apenas uma questão de tempo, mas uma certeza. Tudo dependendo, pois claro, da nossa predisposição para sermos vacinados. Se temos medo? Temos, é normal ter medo. Mas o medo combate-se de arma em punho e a nossa arma é a informação. E se me perguntarem, aquando da distribuição das vacinas, qual a mais segura, a resposta está há muito na ponta da língua: a primeira que puderes tomar.

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