Precisamos de uma psicologia ainda mais próxima e mais forte
Chegámos a mais um momento decisivo da vida da nossa Ordem. Um momento em que os seus membros são chamados a escolher os pares que os irão representar durante os próximos quatro anos. Apelo a todos os psicólogos portugueses que não se demitam do exercício desse direito e que no dia 27 de Novembro elejam os seus representantes! Porque cada voto conta!
Quis ser psicóloga desde os meus 15 anos. E, desde então até agora, fui sempre movida pela possibilidade de colocar o conhecimento sobre o comportamento humano ao serviço do outro. Há sete anos fui eleita pelos meus pares para a Assembleia de Representantes da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) e integrei ainda durante esse mandato a Comissão Instaladora do Conselho de Especialidade de Psicologia da Educação. Há quatro anos os psicólogos elegeram-me para os representar, desta feita na qualidade de presidente da Delegação Regional Sul (DRS) pela minha participação no projecto Mobilizar os Psicólogos. Tem sido um gosto enorme trabalhar com psicólogos e para psicólogos, em articulação também com outros profissionais, e poder testemunhar nas nossas iniciativas de proximidade, que o trabalho que desenvolvemos faz a diferença junto das populações com que intervimos. Sinto um imenso orgulho na classe que represento!
A Psicologia foi reconhecida, em Portugal, como uma das dez profissões procuradas em tempos de pandemia. Provavelmente nunca como agora se comunicou e sentiu tanto a necessidade da nossa intervenção e se valorizou tanto o nosso contributo nos mais variados contextos. Nunca como agora houve uma aposta tão forte na promoção da literacia em saúde psicológica, que levou a que só os materiais e informação disponibilizados pela OPP registassem mais de 70 milhões de visualizações, apenas nos primeiros três meses do confinamento, e fossem publicadas 1000 notícias entre Março e Julho! Um contributo da nossa Ordem, não apenas para os psicólogos, mas naturalmente também para a sociedade.
Houve também uma preocupação acrescida com a formação dos psicólogos para darem, no imediato, uma resposta altamente qualificada e ajustada às necessidades atuais da sociedade. Somos das classes profissionais que mais formação contínua faz ao longo da sua vida e mais uma vez os psicólogos souberam estar à altura. Mais de 10.000 psicólogos usufruíram de formações disponibilizadas pela OPP em regime de e-learning durante a pandemia e muitos mais acederam a materiais, webinares e debates. Porque sabemos, do conhecimento que temos do terreno, que a melhoria das práticas e o desenvolvimento profissional contínuo são das principais preocupações dos psicólogos no seu dia a dia e que é preciso combater as assimetrias regionais ao seu acesso.
Isto só foi possível, não só porque nos adaptámos rapidamente à mudança e aos tempos que correm, mas também porque estávamos preparados para o fazer. Porque há muito que a nossa conceção de proximidade e de fazer chegar os serviços disponibilizados pela Ordem a cada membro, a baixo custo ou mesmo a custo zero, não passa por criar mais estruturas físicas/administrativas. Se houve momento em que tal se tornou evidente foi durante esta pandemia. O que preferirá um psicólogo que resida/trabalhe em Lagos ou em Vila Real de Santo António? Poder aceder aos serviços da OPP a partir do seu local de trabalho/casa ou deslocar-se até Faro? E um psicólogo em Montemor-o-Novo, preferirá deslocar-se a Évora? E em Odemira, preferirá ir até Beja? O mesmo é válido para qualquer outra região do país. É que não é possível ter uma mini-delegação na rua de cada psicólogo! Já nem argumento relativamente aos custos que uma medida dessas acarretaria…
Em quase 250 iniciativas promovidas pela DRS durante o atual mandato, mais de 90% foram realizadas fora da sua sede. Não esperámos que os psicólogos se deslocassem até à casa de todos nós! Fomos nós proactivamente ter com eles! Porque estamos conscientes que ter um melhor conhecimento dos contextos locais é fundamental para promover oportunidades de empregabilidade, de melhoria das condições de exercício da profissão, assim como representá-la melhor junto dos órgãos competentes.
Chegámos a mais um momento decisivo da vida da nossa Ordem. Um momento em que os seus membros são chamados a escolher os pares que os irão representar durante os próximos quatro anos. A diversidade de projetos é bem-vinda e salutar, quando o objetivo é o debate de ideias e formas de pensar sobre a Psicologia e a intervenção psicológica. Em coerência com esta posição, convidámos colegas de listas que foram nossas adversárias há quatro anos, para fazerem parte de Grupos de Trabalho, Comissões Organizadoras e serem oradores em iniciativas por nós dinamizadas. Porque acreditamos que o debate de ideias é bem-vindo. Já os ataques pessoais e a demagogia, não! Não envolvem os psicólogos, pelo contrário, afastam-nos de todo o processo de escolha dos seus representantes, às vezes como se de “vergonha alheia” se tratasse. Apelo, por isso, a todos os colegas que ajam com o respeito e a dignidade que esta classe merece! Que cumpram com o princípio de Integridade do nosso Código Deontológico!
Um pouco por todo o Mundo temos observado a importância do voto. E também o que acontece quando uma percentagem substancial dos cidadãos se abstém de exercer um direito fundamental, que custou tanto suor e tantas vidas a tantos seres humanos em diferentes geografias. O meu apelo final a todos os psicólogos portugueses é que não se demitam do exercício desse direito e que no dia 27 de Novembro elejam os seus representantes! Porque cada voto conta!
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico