No Norte, novos casos diminuem no distrito do Porto e aumentam em Trás-os-Montes
Nos três concelhos que foram alvo do primeiro confinamento parcial a partir de 23 de Outubro – Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras – o número de novos casos está a diminuir de forma expressiva.
No Norte, a região onde a epidemia de covid-19 disparou em Outubro e que continua a ser mais fustigada no país e uma das 20 piores da Europa na incidência acumulada a 14 dias, o número de novos casos de infecção pelo novo coronavírus continuou a crescer na terceira semana de Novembro mas a um ritmo substancialmente mais brando (mais 2%) e a maior pressão sente-se agora em vários concelhos dos distritos de Bragança, Vila Real e Viana do Castelo, onde os contágios têm vindo a aumentar de forma mais expressiva. Em sentido inverso, no distrito do Porto observou-se já uma diminuição da incidência na semana passada.
Os mapas com a evolução da epidemia ao longo das três primeiras semanas de Novembro na região Norte permitem perceber que a mancha escura (os concelhos com limiar de risco muito elevado e extremamente elevado surgem pintados a vermelho carregado) alastrou na última semana a vários concelhos de Trás-os-Montes, de acordo com o mais recente relatório do Departamento de Saúde Pública da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte a que PÚBLICO teve acesso. Há concelhos onde o número de novos casos explodiu, triplicando e duplicando em apenas uma semana, como Miranda do Douro e Vimioso, enquanto noutros município do Norte a diminuição está a ser expressiva. Repetindo a previsão anunciada na semana passada por epidemiologistas, a ministra da Saúde perspectivou esta terça-feira que o pico da epidemia pode ocorrer já ao longo da próxima semana na região Norte.
A nível nacional, Portugal registou um novo recorde diário de recuperados e 3919 novos casos de infecção pelo novo coronavírus na segunda-feira, segundo o último boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde. Mas foi ultrapassada a barreira das quatro mil mortes, com os 85 óbitos registados no dia anterior, o segundo total num dia mais elevado desde o início da epidemia. A pressão sobre os hospitais também continua a aumentar: há 3275 doentes internados, 506 dos quais em unidades de cuidados intensivos, números que representam novos máximos.
A evolução da situação epidemiológica colocava esta terça-feira Portugal no oitavo lugar na lista de países considerados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) com maior incidência cumulativa a 14 dias (791 casos por 100 mil habitantes), à frente de Espanha, Itália e Reino Unido.
Voltando ao relatório da ARS do Norte, os dados indicam que nos três concelhos que foram alvo do primeiro confinamento parcial a partir de 23 de Outubro – Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras – ocorreu um decréscimo significativo da incidência na terceira semana deste mês. Nos seis distritos abrangidos pela ARS do Norte, aliás, o do Porto e o de Viseu (há vários concelhos que pertencem a esta administração regional) foram os únicos que registaram decréscimos - menos 7% e menos 12% de novos casos de infecção, respectivamente. No do Porto, além de Paços de Ferreira, Felgueiras e Lousada - onde a quebra foi mais significativa -, a tendência para o decréscimo foi observada nos concelhos do Porto, Matosinhos, Marco de Canavezes, Paredes, Penafiel e Santo Tirso.
Mais 40% em Bragança
Em sentido inverso, o distrito de Bragança foi aquele em se verificou um maior crescimento da incidência, mais 40% no total, da segunda para a terceira semana de Novembro, com especial expressão em Freixo-de-Espada à Cinta, onde os novos casos duplicaram numa semana e que lidera agora a lista dos dez concelhos com maior número de novos casos acumulados a 14 dias por 100 mil habitantes (mais de 3700). Também os distritos de Viana do Castelo e Vila Real registaram crescimentos assinaláveis, de 22% e 19%, respectivamente, enquanto Braga aumentou 11% e Aveiro apenas 4%.
Recorde-se que o indicador da incidência cumulativa de novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias foi definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças para determinar o risco de contágio. O ECDC criou recentemente mais dois patamares de risco acima dos 240 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias, o de 480 (risco muito elevado) e o de 960 (risco extremamente elevado), que o Governo português adoptou, entretanto, para decretar medidas diferenciadas e escalonadas consoante o risco para os vários concelhos do país.