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Costa diz que Governo está a preparar plano: “A vacinação não pode ser o salve-se quem puder”

Esta segunda-feira arrancou um novo estado de emergência, que inclui, pela primeira vez, um horário de recolher obrigatório. O primeiro-ministro diz que foi surpreendido com a segunda vaga, mas garante que ainda é possível retomar o controlo e voltar a achatar a curva.

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António Costa adiantou que o Governo está a preparar um plano de vacinação Nuno Ferreira Santos

No primeiro dia do novo (e quarto) estado de emergência, António Costa confessou-se “surpreendido” com a chegada da segunda vaga da pandemia covid-19, que esperava só enfrentar na passagem do Outono para o Inverno (e não durante a chegada do Outono). “Ninguém esperava que chegasse tão cedo”, declarou em entrevista ao Jornal das 8, da TVI. O líder do Governo adiantou que o executivo está a preparar um pacote de apoios específicos para os restaurantes que vão ser afectados pelas medidas de restrição dos dois próximos fins-de-semana e que já está a ser preparado um plano de vacinação para a covid-19.

O primeiro-ministro reconheceu que o país enfrenta agora “uma situação bastante mais grave" do que a do “início do primeiro estado de emergência”, mas sublinha que, ainda assim, o país ainda tem capacidade de controlar os números da pandemia. Apesar de admitir que eventos como casamentos e baptizados (permitidos durante todo o Verão) tenham contribuído para as transmissões que aconteceram em contexto familiar e que foram responsáveis por 68% dos novos casos, o primeiro-ministro descarta que tenha sido responsabilidade do Governo: “As pessoas, no seu conjunto, não reagiram tão prontamente quanto reagiram no passado”.

A vacinação “não pode ser o salve-se quem puder"

Em reacção aos resultados preliminares dos testes em larga escala da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica Pfizer e pela parceira alemã BioNTech, que foram conhecidos esta segunda-feira e que revelam que a vacina experimental tem uma eficácia de 90%, António Costa explicou que todos os países da União Europeia (que como Portugal integram a lista do mecanismo de aquisição da vacina) terão de apresentar este mês a sua estratégia de vacinação, que já estará a ser preparada pelo Governo, em conjunto com a Direcção-Geral da Saúde. Paralelamente, está a ser montada “uma operação logística para receber e armazenar” vacinas. “Não pode ser o salve-se quem puder. Vai ter de ser muito bem organizada, até porque os requisitos de armazenamento são muito complexos e variam de vacina para vacina”, disse. “Só pode correr bem, não podemos falhar nisso”, vincou.

Restaurantes vão ter mais apoios

O primeiro-ministro reconheceu que a restauração tem sido muito atingida e anunciou que, por isso, haverá “um pacote específico para apoiar empresas de restauração, pelo que vão sofrer em perdas de receita nos dois próximos fins-de-semana”. O cálculo será feito com base na facturação do ano anterior (ou do fim-de-semana anterior). A medida ainda está a ser desenhada e será adaptada a cada restaurante, uma vez que existem restaurantes que vendem mais ao fim-de-semana e outros facturam mais durante a semana, exemplificou o primeiro-ministro. “Temos de estimar quais são os custos fixos que essas empresas têm e as que já são apoiadas pelo layoff”, disse, sem adiantar detalhes da compensação que estará a ser preparada. 

“Vamos falar com representantes do sector ao longo da semana”, disse. Já o comércio e hotelaria não deverão esperar apoios específicos. “A camisa que não comprar hoje posso comprar amanhã. A estadia num hotel que não faça hoje posso fazer noutro fim-de-semana. Há uma coisa que eu não faço: o jantar de hoje não faço amanhã”, distinguiu. 

Acerca do recurso ao sector social e privado da saúde, agora previsto no estado de emergência, António Costa pouco adiantou, vincando apenas que o recurso já tem sido feito em relação aos testes e sublinhando que, no Serviço Nacional de Saúde, existem ainda 704 camas disponíveis para cuidados intensivos [para tratamento de covid-19] sem perturbar o resto actividade, que podem subir até as 944 camas (perturbando o resto da actividade). 

“No início da pandemia, éramos o país com menor número de camas de cuidados intensivos por cada 100 mil habitantes”, assinalou. “Fixámos como objectivo atingir a média da União Europeia (UE) no espaço de um ano. Já temos mais 50, vamos ter outras 50 até ao final do ano e as restantes 100 no primeiro trimestre de 2021”, adiantou. Ainda assim, não há garantia que seja suficiente. “Se conseguirmos controlar a situação, como temos neste momento quando ainda há capacidade de metade das camas de Unidades de Cuidado Intensivo alocadas à covid-19, vamos conseguir viver sem dramas de ruptura”, comprometeu-se. “Até agora, o SNS não falhou em nada”, disse.

"PSD deu um passo da maior gravidade"

O primeiro-ministro falou também do resultado das eleições dos Açores, onde o PSD e o Chega chegaram a acordo para viabilizar uma solução à direita, depois de o PS ter perdido a maioria absoluta. Ressalvou que o que considera muito preocupante “não é haver uma maioria parlamentar que tem melhores condições para governar do que o PS que venceu as eleições”, mas sim - e aqui sublinhou que falava como secretário-geral do PS e não como primeiro-ministro - que o PSD tenha dado “um passo que a direita democrática da Europa não tem dado, que é fazer um acordo com um partido de extrema-direita xenófoba”.

Para Costa, “esse é que é um passo da maior gravidade” e está “em absoluta contradição" com o que Rui Rio afirmou recentemente. O líder do PS recordou que Rui Rio tinha dito que só haveria acordo “se o Chega mudasse substancialmente - e menos de uma semana depois, fez um acordo sem que o Chega tivesse mudado nada”.

“O problema não são os termos do acordo, mas a natureza do Chega”. “Não é por acaso que na Europa há um cordão sanitário relativamente aos partidos de extrema-direita xenófobos, que metem em causa a dignidade da pessoa humana. Não pode haver aqui transigência. Quem transige mostra ligeireza sobre valores essenciais”, avaliou. E concluiu: “Nunca negociarei com o Chega”. 

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