“Não vamos controlar a pandemia”, diz Casa Branca. Biden acusa Trump de ter “desistido”

O chefe de gabinete do Presidente norte-americano admitiu cenário negro. Biden diz que Trump desistiu de tentar proteger povo norte-americano.

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Biden acusa Trump de ter "desistido" no combate à pandemia KAMIL KRZACZYNSKI/EPA

A Casa Branca admitiu este domingo que os EUA não poderão controlar a pandemia por ser tão contagiosa. “Não vamos controlar a pandemia. Vamos controlar o facto de conseguirmos vacinas, terapias e outras formas de mitigá-la”, afirmou Mark Meadows, chefe de gabinete do Presidente norte-americano, Donald Trump, em entrevista à CNN.

Questionado sobre porque é que os EUA não vão controlar a pandemia, Meadows respondeu: “Porque é um vírus muito contagioso, como o da gripe.”

“O que precisamos de garantir é que temos os factores de mitigação certos, sejam terapias, vacinas ou tratamentos que garantam que as pessoas não morram disto”, disse o chefe de gabinete de Trump​. Admitindo o papel do uso de máscaras e do distanciamento físico, o responsável desvalorizou o facto de a campanha de Trump não estar a cumprir muitas destas directivas de saúde pública.

Num comunicado publicado este domingo, Joe Biden acusou Donald Trump de ter “desistido” no combate à pandemia de covid-19. Fazendo especificamente referência às palavras de Mark Meadows, o candidato democrata diz que esta opinião é um “reconhecimento cândido da estratégia do Presidente Trump desde o início da pandemia”. Biden diz que o rival nas presidenciais norte-americanas “acenou a bandeira branca da derrota”.

“[Meadows] admitiu esta manhã que a administração desistiu no controlo desta pandemia, que a Casa Branca desistiu no seu dever básica de proteger o povo americano”, rematou o ex-vice-presidente dos Estados Unidos que espera, nas eleições de 3 de Novembro, evitar a reeleição de Donald Trump como Presidente. 

Fauci acredita em vacina até ao final do ano

O director do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA, Anthony Fauci, acredita que “no fim de Novembro” ou “no início de Dezembro” poderá haver uma vacina “segura e eficaz” contra a covid-19. No entanto, se essas boas notícias se confirmarem, uma vacinação em massa não será provável antes de 2021, disse à BBC.

“Acredito que vamos saber se uma vacina é segura e eficaz no fim de Novembro, início de Dezembro”, afirmou à estação televisiva britânica. No entanto, ressalvou, “assim que tenhamos uma vacina segura e eficaz, ou mais do que uma”, a questão é como fazê-la chegar “às pessoas que precisam dela”, dando prioridade aos profissionais de saúde e a pessoas com risco acrescido de complicações de saúde. “Isso pode começar no fim deste ano, no início do próximo, Janeiro, Fevereiro, Março”, insistiu. “Mas quando falamos de vacinar uma proporção substancial da população, e, dessa forma, ter um impacto significativo na dinâmica do surto, isso muito provavelmente não acontecerá antes do segundo ou terceiro trimestre do ano [2021].”

Fauci está preocupado com o clima anticiência que se vive nos Estados Unidos, que, segundo os críticos de Donald Trump, é propagado pelo próprio Presidente. Sem referir o nome de Trump, o infecciologista afirmou que “as pessoas olham para o que os seus líderes dizem e fazem”, o que pode “influenciar positiva ou negativamente os comportamentos”.

Admitindo que esta desconfiança face à ciência se possa traduzir no fortalecimento do movimento antivacinas, o que afectaria “algumas das partes mais vulneráveis” da população, Fauci diz que “seria uma vergonha se tivéssemos uma vacina eficaz e segura e uma substancial proporção da população não quiser tomá-la porque não confia na autoridade”.

Este fim-de-semana, dois dos principais candidatos à vacina anunciaram que retomaram ou vão retomar em breve os testes. A AstraZeneca já voltou aos testes à sua vacina experimental nos Estados Unidos, após aprovação dos reguladores, enquanto a Johnson & Johnson se prepara para o fazer esta segunda ou terça-feira. A AstraZeneca interrompeu os testes a 6 de Setembro depois de ter sido reportado que um participante dos testes no Reino Unido teria uma doença neurológica grave. A Johnson & Johnson também interrompeu, na semana passada, os trabalhos depois de um participante ter adoecido.

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