O Governo prevê a criação de um Plano Nacional de Literacia Mediática, tendo em vista dois objetivos: “contrariar o défice no acesso, consulta e leitura de conteúdos informativos de imprensa”; e “promover o combate à desinformação e à divulgação de conteúdos falsos”. A medida integra a proposta de Orçamento do Estado para 2021, no campo da promoção e apoio aos sectores do cinema, audiovisual e media. Destina-se preferencialmente à população em idade escolar.

A premência da aposta na literacia mediática tem vindo a ser referida por vários governantes e ganhou particular destaque no contexto da pandemia de covid-19, desde o início também uma “pandemia de desinformação”.

Em meados de maio, o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, apontou-a como “a chave para qualquer política de apoio aos meios de comunicação social” e “cada vez mais um fator absolutamente essencial” para a força e para a vitalidade de qualquer democracia. “Não adianta estar a promover a leitura de jornais se não fizermos simultaneamente a promoção da literacia mediática, isto é, da capacidade de qualquer cidadão, seja de que idade for, poder descodificar, compreender e ler de maneira clara os sinais do seu tempo”, defendeu, numa intervenção no webinar “Cimeira da Literacia”.

Já nas palavras do ministro da Educação, apostar na literacia mediática poderá permitir que os “leitores de amanhã possam ser os mais capazes, os mais sérios e os mais seguros quando agarram um jornal”, para que possam fazer “escolhas informadas”, compreender a natureza dos diversos conteúdos do jornal e, “acima de tudo, para tirarem partido das oportunidades” — disse em novembro Tiago Brandão Rodrigues, durante a apresentação do regresso do PÚBLICO na Escola, um projeto de literacia mediática do jornal PÚBLICO.