Covid-19: Governo admite recorrer a privados se SNS não conseguir responder a aumento de casos
Secretário de Estado diz que, para já, a taxa de ocupação ronda os 70% e o Serviço Nacional de Saúde está com “níveis de conforto”.
O Governo admite recorrer aos sectores privados e social se os casos de covid-19 aumentarem de tal forma que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não consiga dar resposta. Mas isso ainda está longe de acontecer, a taxa de ocupação em termos de internamentos nos hospitais ronda os 70%, garantiu o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, esta quarta-feira no Fórum TSF.
Apesar de vários hospitais estarem já a sentir grande pressão devido ao aumento do número de internamentos em enfermarias e unidades de cuidados intensivos nas últimas semanas – como é o caso do Hospital de S. João (Porto) que na terça-feira passou para o penúltimo nível do seu plano de contingência e decidiu adiar algumas cirurgias não urgentes –, os números a nível nacional indicam que o SNS está “a responder bem” e que ainda está “com níveis de conforto”, assegurou Lacerda Sales, lembrando que a rede hospitalar pública tem “expansibilidade e elasticidade”, o que significa que pode ser alargada.
O governante assumiu, contudo, que o Governo está “sempre disponível para mudar de rumo” e “de estratégia” se o SNS não conseguir responder sozinho. “Em função das necessidades, o Ministério da Saúde estará sempre disponível para trazer o sector social e o sector privado” para o combate à pandemia”, ainda que apenas “de uma forma complementar e supletiva”, frisou.
Lacerda Sales reagiu desta forma à carta aberta que o actual bastonário da Ordem do Médicos, Miguel Guimarães, e cinco ex-bastonários enviaram à ministra da Saúde e que esta quarta-feira foi publicada no PUBLICO. Na carta, os seis defendem o recurso aos sectores privado e social, em função das necessidades dos doentes, de forma a poder dar “uma resposta inequívoca” a todos “(covid, não covid e gripe sazonal)” e ainda que permita, através de “um programa excepcional alargado”, recuperar as listas de espera e os potenciais pacientes entretanto “perdidos”.
“O que nos move nesta carta aberta, senhora ministra da Saúde, é a angústia de quem conhece os doentes pelo nome e sabe que o SNS, como está, sozinho não os poderá ajudar a todos. Não há tragédia maior do que esta. É preciso mudar já”, reclamam.