Autoconsumo: a Galp está de olho no seu telhado
A Energia Independente é a nova empresa da Galp para a instalação e gestão de painéis fotovoltaicos que vai usar imagens de satélite e inteligência artificial para calcular o potencial de rentabilidade dos telhados ibéricos. Promete retornos do investimento “entre os 15% e 25%”.
A Galp anunciou esta quinta-feira a criação da EI – Energia Independente, uma empresa de instalação e gestão de painéis fotovoltaicos que vai actuar em Portugal e Espanha e que usará imagens por satélite, inteligência artificial e big data para descobrir os telhados com maior potencial de rentabilidade na produção de energia solar para autoconsumo.
A empresa propõe-se “ajudar as empresas e famílias da Península Ibérica a produzir a sua própria electricidade renovável, com um retorno entre os 15% e 25% sobre o investimento realizado” e a recuperação deste montante “em menos de cinco anos”.
Numa conferência de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira, o presidente da EI – Energia Independente, Ignacio Madrid, explicou que a empresa tem actualmente em marcha um piloto com 200 clientes, em Portugal e Espanha, e vai arrancar nos próximos dias com a oferta comercial nos dois países. “O mercado está pronto para nós”, afirmou.
Portugal e Espanha têm das melhores condições de radiação solar da Europa, mas também os preços mais caros da electricidade para o consumidor final, o que faz com que o autoconsumo renovável “seja uma boa oportunidade” para famílias e empresas, salientou o gestor. “Há um grande número de painéis solares por instalar nas casas das pessoas e queremos abrir-lhes os olhos para esta oportunidade”, explicou.
Ignacio Madrid adiantou que a empresa tem bases de dados sobre os edifícios em Portugal e Espanha e recorre a imagens de satélite para calcular o potencial de cada telhado, mas também usa dados sócio-económicos e de consumo para detalhar o perfil de cada potencial cliente.
A análise de imagens de satélite, os algoritmos de inteligência artificial e big data (dados a partir dos quais é possível extrair conhecimento) permitem que a plataforma EI Tech2Perform calcule “o investimento ideal, a rentabilidade com base no histórico de consumo, na orientação do telhado e na exposição solar de cada painel instalado”.
“Juntamos tudo isto, usamos um algoritmo, e depois desenhamos uma oferta customizada para cada cliente”, explicou Ignacio Madrid. A Energia independente “não desenvolve tecnologia, mas integra várias tecnologias” e é dessa integração que nasce a “solução individualizada perfeita” para cada cliente, disse o responsável da empresa. O grande trunfo é poder abordar os clientes “com conversas reais sobre rentabilidade, com dados reais”, frisou.
Neste momento, a Energia Independente já tem activo um simulador que permite a eventuais interessados introduzir a morada num mapa, seleccionar o espaço no telhado em que pretende instalar o painel (ou painéis) e comunicar dados de consumo. Com base nisso, recebe um “primeiro orçamento aproximado e uma indicação de possíveis poupanças”.
A Energia Independente não tem metas concretas quanto ao número de clientes que espera poder alcançar em cada um dos mercados ibéricos, mas tem a ambição de ser “relevante” neste sector, “estamos nisto a longo prazo”, afirmou Ignacio Madrid.
Sobre o investimento nas renováveis, o gestor espanhol sublinhou ainda que se trata de “um sector que é super rentável” e que é uma mudança que faz sentido por causa da rentabilidade e “não apenas por que tem de ser”.
“O projecto começa com o estudo e design da instalação, a engenharia e montagem dos sistemas de produção solar, desde a gestão de autorizações, licenças e subsídios até à subsequente monitorização e análise contínua da instalação”, precisou a Galp, em comunicado.
O objectivo não é apenas fazer a instalação, mas acompanhar o ciclo de vida do investimento e propor permanentemente aos clientes soluções que em tempo real se traduzam em poupanças e rentabilidade.
Ignacio Madrid destacou ainda que a Energia Independente criou “um ecossistema” que garante que tudo isto funcionará. São “mais de 20 companhias a trabalhar juntas”, agrupando várias valências, como a produção de equipamentos e logística, o desenvolvimento de tecnologia, a instalação e a engenharia e os parceiros comerciais e financeiros.