Três adeptos do Vitória de Guimarães arguidos por alegados insultos racistas a Marega

Os arguidos estão indiciados pelo crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, punido com pena de prisão de seis meses a cinco anos.

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Marega marcou um golo no Vitória-FC Porto em Fevereiro passado LUSA/HUGO DELGADO

Um juiz de instrução criminal no Tribunal de Guimarães começou hoje a ouvir três adeptos do Vitória constituídos arguidos no caso dos cânticos e insulsos racistas ao futebolista Moussa Marega, do FC Porto, disse fonte judicial à Lusa. Segundo a fonte, a diligência processual prosseguirá no dia 2 de Outubro.

Os arguidos estão indiciados pelo crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, punido com pena de prisão de seis meses a cinco anos.

Neste momento, estão com termo de identidade e residência, uma medida de coação que pode ser agravada pelo juiz de instrução criminal, designadamente com a proibição de frequência de recintos desportivos.

O Ministério Público chegou a propor a suspensão provisória do processo, mediante a proibição de frequência de recintos desportivos, a apresentação em posto policial sempre que o Vitória jogasse e o pagamento de uma quantia a uma instituição, mas os arguidos não aceitaram.

Os factos remontam a 16 de Fevereiro último, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, durante o jogo de futebol entre o Vitória de Guimarães e o FC do Porto, a contar para a 21.ª jornada da I Liga de futebol.

Por volta do minuto 70, pouco depois de ter marcado um golo, Marega, que já foi jogador do Vitória de Guimarães em 2016-17, pediu para ser substituído e acabou mesmo por abandonar o relvado, agastado com cânticos de natureza racista que lhe estavam a ser dirigidos por adeptos do Vitória, com sons a imitar macacos.

Contactado pela Lusa, Pedro Carvalho, advogado dos arguidos, manifestou-se “plenamente convencido” de que os seus constituintes “não tiveram qualquer conduta censurável criminalmente”. Um convencimento que sustenta tanto na versão contada pelos arguidos, como na “simples análise objectiva dos factos”.

“Apenas espero que o mediatismo dos factos e a questão do racismo, que tem gerado aceso debate na sociedade, não subverta a ação da justiça, porque será inadmissível para um Estado de Direito que os meus constituintes sejam utilizados como bodes expiatórios e se pretenda através deles, ficticiamente, fazer um combate ao racismo e à violência no desporto. Não é pelas dificuldades investigatórias que possam existir que se sacrificará os direitos destes cidadãos, adeptos do Vitória Sport Clube, ou pelo menos assim espero”, rematou.