Eira do Pato Ougado: comer, beber e relaxar à beira da Pateira

Plantado num pequeno paraíso natural, este restaurante de Oiã, Oliveira do Bairro, aposta nos produtos sazonais. Os refrigerantes e o açúcar refinado foram excluídos da carta.

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Adriano Miranda
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David Rocha, proprietário da Eira do Pato Ougado, e o chef Leonardo Alves Adriano Miranda
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Foi amor à primeira vista. E à distância. A ligação estabeleceu-se através de uma foto enviada pela Internet. David Rocha estava na Tailândia quando recebeu uma imagem do local que é hoje ocupado pelo restaurante Eira do Pato Ougado. Directamente da Ásia, o empresário apregoou: “Esse espaço é para mim.” Assim nascia, há cerca de ano e meio, uma história que junta gastronomia, bem-estar e artes. A Eira do Pato Ougado é muito mais do que um restaurante e a culpa é, em grande medida, do paraíso onde está plantada, a Pateira (a grande lagoa natural que se estende pelos concelhos de Águeda, Aveiro e Oliveira do Bairro).  

Rodeada de vegetação e de água, a estrutura de madeira onde o restaurante se encontra instalado tem todas as condições para proporcionar verdadeiros momentos de relaxamento a quem ali acorre. “O objectivo é que as pessoas consigam aproveitar todas estas experiências”, realça David Rocha, notando o facto de a Eira do Pato Ougado não rodar mesas. “Recuso-me a estar a despachar as pessoas para preparar a mesa para outra reserva”, assegura. Outra das regras de ouro da casa passa por não servir refrigerantes – são substituídos por sumos de fruta natural  , nem produtos com açúcar refinado. “Somos uma casa anticoca-colas”, alerta David Rocha, explicando que tenta imprimir no seu negócio a sua filosofia de vida. “Uma vida sã, com qualidade”, argumenta.

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É também por conta desses princípios que a Eira do Pato Ougado dá palco privilegiado às artes, nas suas mais variadas formas. Pintura, escultura, música, entre outras, têm lugar cativo naquele pequeno recanto do município de Oliveira do Bairro. Neste momento, por exemplo, está a decorrer, aos sábados, um ciclo de concertos ao pôr do Sol. O circuito “São 7 na Eira” junta gastronomia, música e artes visuais, durante todos os sábados de Setembro. “Adoro arte e acho que eventos com pintura ao vivo, poesia ou música, combinam na perfeição com este espaço e a nossa filosofia”, sustenta o empresário.

A aposta nos produtos locais e sazonais

A carta da casa não é fixa – há um menu para cada dia da semana –, muito por conta dessa aposta “nos produtos da época”. “A ementa vai sendo definida a partir do que há de fresco a cada semana”, justifica, ao mesmo tempo que garante dar primazia aos produtos locais. “Gosto de ir buscar peixe à Vagueira e de ir comprar pão a Vale de Ílhavo”, exemplifica. A esta preocupação com a origem e qualidade dos ingredientes, junta-se, depois, um certo toque artístico. “A carta tem sempre umas pitadas criativas”, destaca David Rocha, a propósito do trabalho comandado pelo jovem chef Leonardo Alves, mas sempre com a sua colaboração e apoio. Na Eira, servem-se parafusos em vez de pregos – “é muito nobre para ser um prego, leva bife do acém e é servido em bolo do caco; acompanha com puré de batata-doce e abacaxi grelhado” – e areias do Sky, em vez de natas do céu – “leva um crumble e ovos-moles feitos com stevia ou açúcar mascavado”.

Entre os bestsellers da casa está também a aletria de línguas de bacalhau e o costeletão maturado Rubia Galega (40 dias de maturação). Também há opções vegetarianas e vegan, como os noodles com legumes ou o risotto de alfazema, beterraba e hortelã. Tudo receitas que, a médio prazo, bem podem vir a ser reunidas num livro, anuncia. 

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A carta de vinhos também tem propostas para todos os gostos, com especial destaque para os rótulos do Douro e da Bairrada. “Dou preferência aos artistas do vinho, a enólogos como a Filipa Pato, a Maria João Pato, o Tiago Sampaio ou o António Dinis”, realça o empresário nascido no Canadá, mas com família e origens no município de Vagos.

David Rocha tem 49 anos e confessa-se um apaixonado pela área da restauração, enaltecendo esse que é “um dos maiores prazeres da vida, comer bem”. Chegou a ter um wine bar em Aveiro, igualmente com “uma cozinha criativa”, e no dia em que lhe chegou a sugestão para vir a explorar um restaurante junto à pateira estava a negociar a abertura de um negócio na Tailândia. Acabou por regressar a Portugal, assentando arraiais na região onde tem as suas origens e abrindo um restaurante onde até o nome é original. “Eira e pato vêm de pateira; ougado é o nome de um grupo de chefes e cozinheiros ao qual eu pertenço”, descodifica.

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