Documentos de blogue “Mercado de Benfica” encontrados no computador de Rui Pinto

Lista com pastas onde Rui Pinto guardaria a informação foi distribuída aos assistentes pela procuradora. Emails do Benfica foram divulgados nesta página e ataque informático à PLMJ terá sido feito com endereço falso das Finanças.

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Rui Pinto Rui Gaudencio

Os documentos publicados pelo blogue “Mercado de Benfica” estariam presentes nos computadores apreendidos a Rui Pinto na Hungria. A procuradora Marta Viegas distribuiu uma lista com endereços que mostram os locais de armazenamento dos ficheiros divulgados nesta página, onde foram expostos os emails do Benfica.

Na acusação, o Ministério Público atribui a autoria desta página a Rui Pinto, dizendo que este foi o responsável pela divulgação da correspondência privada de várias entidades, entre elas a sociedade de advogados PLMJ e o Sport Lisboa e Benfica.

Francisco Teixeira da Mota, advogado de Rui Pinto, relembra porém que está em curso uma perícia relativa à fiabilidade dos documentos que foram encontrados nestes dispositivos apreendidos na Hungria. 

Na manhã desta quarta-feira foi ouvido Luís Miguel Pais Antunes, sócio-gerente da PLMJ, uma das empresas alvo de um ataque informático que culminou na publicação de documentos confidenciais na página “Mercado de Benfica”. O advogado explicou em tribunal como tomou conhecimento da fuga de informação que ocorreu a poucos dias do Natal, corria o ano de 2018.  

 "No final de 2018, em Dezembro, começámos a ver divulgadas informações que podiam ter origem na PLMJ ou em outras instituições, que também as tinham na sua posse. Já no final do mês, foi publicada informação do processo E-Toupeira, que nunca tinha sido transmitida para o exterior”, relembrou o advogado.

Luís Miguel Pais Antunes relembra ainda um telefonema estranho feito a João Medeiros, então membro da PLMJ e advogado que representa o Benfica, que antecedeu a divulgação de toda a correspondência electrónica do segundo: “[João Medeiros] Recebeu um telefonema de um número estrangeiro a desejar bom ano e a dizer que iria ‘receber um presente com significado.’”

Após terem percebido que a informação tinha sido exfiltrada do interior da PLMJ, Luís Miguel Pais Antunes diz que entrou em contacto com João Medeiros, então responsável pela maioria dos casos mediáticos que tinham sido expostos. Horas depois, os emails trocados entre advogados tinham sido também publicados neste blogue, obrigando a sociedade a reforçar a equipa de segurança dos sistemas informáticos. O advogado desvalorizou, contudo, a questão dos ataques informáticos, dizendo que a PLMJ e outras grandes sociedades de advogados são alvos constantes de hackers

Email falso das Finanças permitiu acesso

O sócio-gerente da PLMJ recordou o erro que permitiu ao hacker que infiltrou os servidores da sociedade – que o Ministério Público considera ter sido Rui Pinto. De acordo com Luís Miguel Pais Antunes, foi mesmo um perito em informática a ceder involuntariamente as informações.

“Uma advogada recebeu um email que parecia ser da Direcção de Finanças de Lisboa. Foi reencaminhado para os serviços informáticos e quem descarregou era alguém [do departamento]. Abriu, descarregou a página e a porta ficou aberta”, explica.

O advogado julga que este acesso ilegítimo terá ocorrido após ter sido conhecida a decisão instrutória do processo E-Toupeira, no qual João Medeiros, então funcionário da PLMJ, representava um papel na equipa de defesa do Benfica, que não irá a julgamento. 

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