Covid-19: Portugal com mais três mortes e 646 casos de infecção — o maior aumento diário desde Abril
Encontram-se internadas 391 pessoas, das quais 52 em unidades de cuidados intensivos. Há, neste momento, 16.408 casos activos e 43.284 recuperados em Portugal.
Portugal registou nesta quarta-feira mais três mortes e 646 casos de infecção pelo novo coronavírus, o que corresponde a um aumento de 1,1%. Há mais de quatro meses que não se registava um número de novos casos tão elevado em Portugal, sendo este o maior aumento diário desde 20 de Abril, dia em que se registaram mais 657 infecções. Além disso, este é o 16.º pior dia em termos de novos casos desde o início da pandemia, superado apenas pelos números dos dias 27, 28, 29 e 31 de Março, 1, 2, 3, 5, 7, 8, 9, 10, 16, 18 e 20 de Abril.
No total, contabilizam-se agora 1849 óbitos e 61.541 casos confirmados desde o início da pandemia.
Dos 646 novos casos, 290 (45%) foram registados em Lisboa e Vale do Tejo e 276 (43%) na região norte. Duas das três mortes registadas nas últimas 24 horas foram identificadas na região da capital uma no Norte. Os dados constam do boletim epidemiológico desta quarta-feira divulgado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).
Recuperaram mais 138 pessoas relativamente ao dia anterior, contabilizando-se agora um total de 43.284 recuperados. Há, neste momento, 16.408 casos activos, mais 505 do que na terça-feira — depois de subtraído o número de recuperados e de óbitos ao total de infecções.
Encontram-se internadas 391 pessoas (menos três do que na terça-feira), das quais 52 em unidades de cuidados intensivos (mais duas do que no dia anterior).
As três vítimas mortais identificadas nas últimas 24 horas eram do sexo masculino, uma delas com idade entre os 70 e 79 anos e duas com mais de 80 anos — sendo esta a faixa etária mais afectada em termos de mortes.
A zona do país mais afectada pela pandemia continua a ser a região de Lisboa e Vale do Tejo, que regista 31.563 casos acumulados de infecção. Segue-se o Norte, com 22.325 casos; o Centro, com 5044 casos (mais 40 do que no dia anterior); o Algarve, com 1186 casos (mais 15); e o Alentejo com 1021 casos (mais 23 nas últimas 24 horas). O arquipélago dos Açores regista um total de 228 casos de infecção (mais um do que no dia anterior) e a Madeira contabiliza 174 casos (mais um do que na terça-feira).
O Norte é a região com o maior número de mortes por covid-19, com um total de 852 desde o início da pandemia. Lisboa e Vale do Tejo registou até esta quarta-feira 689 óbitos, seguindo-se o Centro, com 254 mortes, o Alentejo, com 22 óbitos, e o Algarve, com 17 mortes por covid-19.
Apenas 12% dos novos casos são de pessoas com mais de 70 anos
A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse, durante a conferência de imprensa da DGS, que o elevado número de novos casos desta quarta-feira (646) tem um lado positivo: apenas 12% dos novos casos são de pessoas com mais de 70 anos. Segundo Graça Freitas, este é “um indicador positivo em relação à potencial gravidade dos casos e que evidencia esta mobilidade social que é normal de reentrada depois de termos tido férias”.
A secretária de Estado adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, admitiu, por sua vez, que o Governo “já estava expectante que esse número tendesse a aumentar”, devido ao aumento de contactos de actividade no período pós-férias, o que justifica a decisão de implementar um período de contingência para todo o país.
Graça Freitas também informou que, à data, há 23 lares com surtos activos, um número que significa que "as medidas que estão a ser tomadas estão a ter o seu efeito”.
Sobre as declarações do presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que teceu duras críticas relativamente à situação nos lares, a secretária de Estado adjunta e da Saúde referiu que a realidade é muito diferente da vivida no pico da pandemia. “Apesar de tudo, e sem escamotear uma realidade muito sensível que acompanhamos com a máxima preocupação e sensibilidade, podemos tranquilizar o senhor presidente da Assembleia da República, que a realidade é muito diferente mas todos os dias procuramos melhorá-la”, disse.
Graça Freitas confirmou também que a DGS está a “revisitar a orientação técnica sobre os procedimentos a adoptar nas estruturas residenciais para idosos e outras estruturas residenciais, como para crianças”.
Mais 20 milhões para comprar equipamento de protecção
Jamila Madeira anunciou que já foi lançado o concurso para a compra maciça de equipamentos de protecção individual, num investimento que rondará os 20 milhões de euros.
“Com o início do ano lectivo, entramos numa nova fase de gestão da pandemia. Estamos de resto a trabalhar para que a abertura das escolas e o regresso do país ao ritmo pós-férias tenham o menor impacto possível. Ainda assim, acreditamos que os números vão sofrer alterações e continuamos diariamente a dar robustez ao Serviço Nacional de Saúde e às estruturas sociais para que possam responder o melhor possível”, disse Jamila Madeira.
A secretária de Estado adjunta e da Saúde informou que o dinheiro será gasto em vários materiais de protecção para profissionais de saúde. “Para o Governo, a segurança dos profissionais de saúde continua a ser determinante na estratégia de combate à pandemia que adoptamos e, por isso, na permanente incerteza da dimensão que a pandemia pode atingir, escolhemos a certeza de garantir aos profissionais de saúde todas as condições para que possam trabalhar em absoluta segurança. O número de profissionais infectados com o SARS-CoV-2 ronda os 7,5%, uma cifra significativamente abaixo da média mundial, estimada pela OMS na ordem dos 10%”, afirmou.
Segundo os dados apresentados por Jamila Madeira, há 4551 casos de infecção entre profissionais de saúde (1342 enfermeiros, 1306 assistentes operacionais, 584 médicos, 166 assistentes técnicos, 146 técnicos de diagnóstico e terapêutica). Desses, 3892 já recuperaram da doença.
A secretária de Estado adjunta e da Saúde disse ainda que foram contratados “praticamente quatro mil profissionais durante todo o período de pandemia”, quase metade dos 8400 profissionais que o Governo prevê contratar durante os próximos dois anos.
Ensaios da AstraZeneca decorrem normalmente. Estudos é que foram suspensos
O presidente do Infarmed, Rui Santos Ivo, participou também na conferência de imprensa, na qual garantiu que a suspensão dos ensaios clínicos da fase 3 da vacina contra a covid-19, por parte da AstraZeneca, é uma “situação normal” no processo científico.
Rui Santos Ivo explicou que houve uma suspensão dos ensaios, mas não da vacina. “Estamos perante uma situação normal de funcionamento do sistema e é importante percebermos que o sistema está a funcionar bem, no sentido de permitir ter as respostas que precisamos de ter para prosseguir com a investigação” referiu.
Segundo o presidente do Infarmed, está a decorrer uma avaliação por parte de um painel de peritos da AstraZeneca para perceber o que motivou a reacção adversa — avaliação essa que “faz parte das boas práticas da investigação clínica que está prevista” .
O presidente do Infarmed assegurou ainda que uma vacina não será aprovada pela Agência Europeia de Medicamentos ou pelo Infarmed sem reunir “os três critérios” que se verificam sempre: “a qualidade, a segurança e a eficácia”, e informou que estão a ser desenvolvidos “procedimentos antecipados para criar condições para que os cidadãos tenham acesso à vacina quando estiver disponível”.