Crescimento da covid-19 na Faixa de Gaza preocupa agência da ONU

A região palestiniana tinha conseguido controlar a pandemia, mas a doença alastrou-se pela área densamente povoada e já foram registados mais de 600 casos.

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As autoridades palestinianas tentam desinfectar as ruas altamente movimentadas para conter o vírus LUSA/MOHAMMED SABER

Depois de evitar o impacto inicial da covid-19, a Faixa de Gaza está agora a passar por um rápido crescimento no número de casos de infecção. O primeiro caso fora das quarentenas controladas pelo governo da região foi registado na semana passada e, desde então, já se registaram 603 casos positivos.

Organizações não-governamentais, como a Cruz Vermelha e a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinianos, avisaram há meses de que uma potencial propagação do vírus na Faixa de Gaza, onde vivem enclausurados dois milhões de palestinianos, poderia ser desastrosa.

À agência Reuters, a porta-voz da UNRWA, Tamara Alrifai, afirmou que “Gaza é provavelmente o lugar mais densamente povoado da face da Terra, portanto medidas para conter um vírus tão violento como o coronavírus são extremamente difíceis de implementar”.

Israel e Egipto fecharam as fronteiras ao enclave e o controlo de infectados que entram e saem da região tem sido muito controlado. Foram dados motivos de segurança para justificar o total confinamento de Gaza aos seus vizinhos, nomeadamente a gestão da região pelo grupo islâmico Hamas.

Apesar de tudo, Alrifai admitiu que o apoio para combater a covid-19 tem chegado a Gaza sem constrangimentos por parte do Governo israelita. “O verdadeiro desafio em Gaza é a indisponibilidade de materiais necessários como ventiladores e outro material médico”, disse Alrifai, numa videoconferência transmitida a partir de Genebra.

O bloqueio por parte de Israel e do Egipto acabou por ajudar a controlar a entrada de pessoas na região, já que um confinamento obrigatório seria impossível. A população já vive em casas e campos sobrelotados – segundo a UNRWA, há 30 mil habitantes por quilómetro quadrado na Faixa de Gaza.

Além disso, o sistema de saúde da região é muito frágil – em Junho, o responsável da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Gaza, Abdelnaser Soboh, avisou que os médicos na região não conseguirão lidar com mais de 500 casos de infecção de cada vez.

Depois do surgimento dos quatro casos no dia 24 de Agosto, o país voltou assim ao confinamento. Os negócios voltaram a fechar, assim como mesquitas e escolas. O Comité Internacional da Cruz Vermelha avisou que o território não tinha condições humanitárias e de saúde para controlar uma pandemia na população palestiniana, pelo que a única prevenção passa apenas pelo encerramento da actividade económica.

A porta-voz da UNRWA também informou que a agência da ONU está a tentar angariar 94 milhões de dólares em contribuições internacionais para poder apoiar a luta contra a covid-19 na Faixa de Gaza.

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