Darwin Núñez já chegou e quer ser um ídolo no Benfica
O jogador custou 24 milhões de euros e ficou com uma cláusula de rescisão de 150 milhões.
Darwin Núñez já é jogador do Benfica. A confirmação oficiosa, inicialmente da boca do jogador, transformou-se em oficial nesta sexta-feira, por parte do clube, depois de um atraso de um dia. O avançado uruguaio já foi apresentado como reforço, por 24 milhões de euros (fica com cláusula de rescisão de 150 milhões de euros), sendo mais um “presente” dado por Luís Filipe Vieira a Jorge Jesus – e Rui Costa garantiu que Núñez, que vai usar a camisola 9, foi um pedido expresso do treinador.
No pico da “novela Cavani” escreveu-se que o Benfica já se preparava para uma apresentação com a máxima pompa, estando até prevista a utilização do Estádio da Luz para esse efeito.
No caso de Darwin Núñez, o cenário foi bem mais comedido, numa cerimónia mais privada no Seixal. A menor notoriedade do jogador explica-o, mas também ajuda a perceber que esta é uma segunda opção por parte dos “encarnados”.
E isso não é necessariamente mau, caso Núñez, mais barato e mais jovem do que Cavani, cumpra o que prometeu na apresentação oficial.
“Os adeptos vão pedir-me golos e vou fazer tudo para ajudar os meus colegas. Assim, os golos chegarão (...) quero ficar muitos anos no Benfica e um dia, quando me retirar, ser um ídolo”, disse o jogador, abordando ainda o falhanço na contratação de Cavani: “Se o Cavani estivesse aqui seria uma peça importante, mas não conseguiram. Vou é dar o melhor de mim para ajudar o Benfica. Trabalho dia-a-dia para o meu futuro e tenho feito as coisas bem, sempre com humildade e os pés na terra”.
Jesus foge do ponta-de-lança clássico
Este jogador não foi o primeiro a aterrar na Luz. Gilberto já chegou. Vertonghen foi uma “truta” pescada no tempo certo. Éverton Cebolinha era a paixão de Jesus, no Brasil, e também já joga na Luz. Waldschmidt, referenciado há meses, chegou já com o “sim” do treinador. Agora, há Darwin Núñez. Cinco reforços com o dedo do técnico de 66 anos, contratado ao Flamengo.
Mas o “cabaz de Verão” promete não ficar por aqui. Toda a imprensa dá como certo que Jesus quer mais um defesa-central – Jardel pode sair e Vertonghen poderá ser lateral-esquerdo em jogos exigentes –, um médio box-to-box – o rotativo Gerson, do Flamengo, tem sido muito falado – e, eventualmente, um avançado – Bruno Henrique continuará nas cogitações.
Jorge Jesus quer muito, o Benfica dá-lhe – até porque, em linguagem de póquer, está claro o modo all-in dos “encarnados” para 2020/21. A frescura financeira do clube permite que, desde Janeiro, já tenham chegado Weigl, por 20 milhões, Pedrinho, por 18, Cebolinha, por 20, Waldschmidt, por 15, e Darwin, por 24 – uma transferência que Rui Costa assumiu nesta sexta-feira ser “de grande envergadura” e “uma aposta elevada”.
Ao todo, são 93 milhões de euros em reforços, nos últimos meses, colocando vários nomes “encarnados” no top de transferências do futebol nacional.
No caso de Darwin Núñez há a aposta num jogador jovem e, mais do que nas estatísticas – que são respeitáveis, mas não extraordinárias –, num perfil concreto de avançado.
Jesus parece ter apreciado a dupla Gabigol-Bruno Henrique que teve no Flamengo, estando apostado em ter um ataque mais móvel, em vez de jogadores como Cardozo ou Bas Dost, também eles goleadores nas mãos de Jesus.
Para o técnico “encarnado” haverá, com Núñez, uma tentativa de uma dupla mais à imagem da que teve no Flamengo ou mesmo da que teve no Benfica no ano em que tantas vezes juntou Rodrigo e Lima.
No Benfica, isto poderá significar a saída de Carlos Vinícius, jogador cuja incapacidade com bola parece torná-lo um corpo estranho.
Lesões são handicap
Para cumprir tudo o que promete, Darwin Núñez terá de marcar golos, mas, antes disso, terá de manter-se saudável. O jogador já foi operado duas vezes ao mesmo joelho, algo que não é, actualmente, um problema fatal para um atleta de alta competição, mas que atesta alguma possível fragilidade.
Para além das dúvidas sobre a boa saúde física, as últimas horas têm trazido a lume a polémica em torno do envolvimento de Paulo Gonçalves neste negócio.
Referenciado em vários processos judiciais em curso, o ex-dirigente “encarnado” confirmou que participou neste negócio como intermediário dos agentes do jogador, algo que tem fragilizado a posição de Luís Filipe Vieira numa fase em que se aproxima um acto eleitoral.
A contratação de Darwin Núñez, intimamente ligada à “novela Cavani”, é, mais do que um negócio para reforçar a equipa em campo, uma polémica fora dele. E isso, em abstracto, não é o melhor dos começos para o uruguaio.