Jakobsen sobrevive a queda arrepiante sem lesões cerebrais
Ciclista holandês foi submetido a uma cirurgia de cinco horas e deverá ser “acordado” do estado de coma induzido. Deceuninck-Quick Step promete apresentar queixa-crime contra Dylan Groenewegen.
O ciclista holandês Fabio Jakobsen, vítima de violenta queda na primeira etapa da Volta à Polónia, foi esta quinta-feira operado ao longo de cinco horas a lesões na cabeça e rosto, informaram os médicos.
Jakobsen, de 23 anos, mantém-se em coma induzido, e, ainda de acordo com a equipa clínica, uma tomografia efectuada mostra que, aparentemente, o tecido cerebral não terá sido danificado.
“As principais lesões situam-se ao nível do rosto. Felizmente, a visão não foi afectada. O estado de saúde é grave, mas estável”, adiantou o director-adjunto do hospital de Sosnowiec, Pawel Gruenpeter.
O responsável clínico admitiu ainda que será feito um procedimento para acordar Jakobsen do coma ainda hoje.
No sprint final, em Katowice, Jakobson (Deceuninck-Quick Step) estatelou-se nas barreiras de protecção, “apertado” por Dylan Groenewegen (Jumbo-Visma).
A queda de Jakobsen acabou por provocar uma “onda” de quedas, incluindo a do próprio Groenewegen, já depois de cruzar a meta, com vários ciclistas a acabarem por ir para o hospital.
Entre eles, os franceses Marc Sarreau (da Groupama-FDJ), com um traumatismo nas costas e roturas ligamentares múltiplas, bem como Damien Touzé (Cofidis), que teve de ser operado a uma tripla fractura numa mão.
O espanhol Eduard Prades também teve de ser hospitalizado, com uma fractura numa vértebra, depois de embater nas barreiras e a sua equipa, a Movistar, já informou que o ciclista seguirá hoje para Espanha.
Os três portugueses na corrida, todos da UAE Emirates, entraram no pelotão e foram poupados à queda: Ivo Oliveira em 31.º, Rui Costa em 37.º e Rui Oliveira em 40.º, com o mesmo tempo do vencedor.
Groenewegen: “Odeio o que se passou ontem"
Dylan Groenewegen, que provocou a queda de Jakobsen disse não encontrar palavras para o que sente.
“Odeio o que se passou ontem. Não tenho palavras para descrever o que sinto pelo Fabio e outros que foram arrastados ou caíram. Neste momento, a saúde do Fabio é o que mais importa, penso nele constantemente”, escreveu o ciclista na rede social Twitter.
O incidente levou à desqualificação de Groenewegen, e o director da equipa de Jakobsen, a Deceuninck-Quick Step, Patrick Lefevere, confirmou que vai apresentar uma queixa-crime contra o ciclista holandês, depois de já ter apresentado uma queixa na União Ciclista Internacional (UCI).
“Confirmo as mensagens no Twitter. Foi um gesto muito sujo de Groenewegen. Não fazemos este tipo de coisas. Já apresentámos uma queixa na UCI e vamos fazer a mesma coisa na polícia da Polónia. Não vamos deixar isto passar”, disse Lefevere à agência belga.
“Olho para o sprint uma dezena de vezes. Não consigo compreender a acção de Groenewegen. Um ciclista deve permanecer na sua linha”, justificou o director da Deceuninck-Quick Step.
O responsável repetiu a indicação de que a equipa médica vai tentar acordar Jakobsen, explicando que o ciclista não tem órgãos vitais atingidos, mas que fracturou quase todos os ossos do rosto: “É verdadeiramente grave”.
A segunda etapa da Volta a Polónia decorre esta quinta-feira, entre Opole e Zabrze, numa distância de 151 quilómetros.