Covid-19 pôs 1,1 milhões de portugueses a trabalhar em casa

Portugueses a trabalhar em casa representaram 23,1% da população empregada. Dados do INE mostram que quase 644 mil pessoas não trabalharam no emprego principal nem em casa, nem noutro local.

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nelson garrido

A pandemia atirou quase um quarto da população empregada para casa e impediu quase 644 mil pessoas de trabalhar entre Abril e Junho. Os dados são do Instituto Nacional de Estatística (INE), que divulgou esta terça-feira os resultados de um inquérito ao emprego em casa, para aferir os impactos da covid-19 no mundo laboral naqueles meses em que vigorou o estado de emergência em Portugal, com apertadas regras de confinamento até ao início de Maio. 

“No segundo trimestre de 2020, a população empregada que indicou ter exercido a sua profissão sempre ou quase sempre em casa na semana de referência ou nas três semanas anteriores foi estimada em 1.094.400 pessoas, o que representou 23,1% do total da população empregada”, lê-se no resumo estatístico divulgado pelo INE. “Destas, 998.500 pessoas (91,2%) indicaram que a razão principal para ter trabalhado em casa se deveu à pandemia.”

Noutros inquéritos ao teletrabalho que foram sendo divulgados nos últimos meses constatou-se que jornadas de trabalho mais longas e a mistura entre esfera pessoal e profissional eram duas questões que afectavam de forma recorrente os trabalhadores em casa. Segundo o INE, porém, “comparando as horas trabalhadas, não há grande diferença entre trabalhar em casa ou fora de casa”.

“Quem não esteve ausente, e trabalhou fora de casa, trabalhou em média 36 horas nessa semana e quem não esteve ausente, e trabalhou a partir de casa, trabalhou 35 horas”, conclui a autoridade nacional de estatística.

Em termos geográficos, os números revelam que a Área Metropolitana de Lisboa, com cerca de 1,27 milhões de trabalhadores no total, foi aquela em que o teletrabalho atingiu uma maior proporção, 458.600 mil pessoas (36%). Na região Norte, com 1,68 milhões de trabalhadores, o teletrabalho envolveu apenas 19,8%, ou 333.200 pessoas.

As regiões com menor proporção de trabalhadores em teletrabalho foram a do Centro (16,7% de um total de 1,03 milhões de trabalhadores) e, nas ilhas, a dos Açores, com 16,4% de 112 mil trabalhadores.

Por género, verificou-se que houve mais mulheres (25,2%) do que homens (21,1%) em teletrabalho. Por idades, a preponderância foi para a faixa etária dos 35 em diante. E quanto mais alto o nível de escolaridade, maior tendência houve para o teletrabalho. Entre os que têm escolaridade básica (até ao 3.º ciclo), a percentagem de teletrabalho foi de 4,7%, ao passo que entre trabalhadores com ensino superior essa percentagem disparou para os 53,8%.

“Observou-se ainda que 1.03.800 pessoas utilizaram tecnologias de informação e comunicação para poderem exercer a sua profissão em casa, o que representou 21,9% do total da população empregada e 94,8% das que trabalharam sempre ou quase sempre em casa no período de referência”, acrescenta o INE. Uma nota curiosa: sendo certo que a esmagadora maioria (733 mil) disse precisar de um computador e de um telemóvel, houve 15.500 mil pessoas que declararam que já só precisavam de um smartphone para cumprir o trabalho em casa.

Por outro lado, “643.800 pessoas empregadas não trabalharam no emprego principal durante o período de referência, nem em casa, nem noutro local, 76,3% (491.500) das quais devido à pandemia”.

Sem surpresa, foi nos serviços (que emprega 3,3 milhões de pessoas) que a percentagem de teletrabalho foi mais elevada: 28,5%. Educação, administração pública, consultoria e informação foram os sectores dos serviços com maior número de empregados em teletrabalho.

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