A Palmilha Dentada desmontou Molière
Por que é que a mulher só pode ser a chata e a criada só pode ser a burra? Molière era misógino? Faz sentido recuperarmos a sua obra em 2020? São estas algumas das questões que a Palmilha Dentada levanta n’O Burguês Fidalgo, adaptação da peça que o dramaturgo francês assinou em 1670. As respostas? Não é a companhia quem tem de as dar.
Patrícia Queirós e Mafalda Canhola estão sozinhas em palco. Nesta cena, são, respectivamente, Eufrásia e Brásia (noutra, poderiam ser outras personagens, mas mais sobre isso a seu tempo). Eufrásia é esposa de Jordão, o filho de comerciantes cujo negócio se transformou num caso de sucesso e cujo único objectivo na vida é ser aceite pela fidalguia como um dos seus; Brásia é a ingénua criada, que passa os dias a fingir que trabalha e a ouvir conversas alheias. Eufrásia quer casar a filha com o desesperadamente apaixonado Florindo; Brásia não gosta menos de Bartolo, criado do pinga-amor. “Um casamento duplo ficava tão bem”, suspira a última, ansiosa que a patroa perceba a deixa. É claro que percebe: Brásia que vá bater à porta de Florindo; é hora de pedir ao senhor Jordão a mão da filha.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.