No Norte, podemos passar uma tarde de Verão numa plantação de chá

São 12 mil plantas de chá em Fornelo, Vila do Conde: uma plantação onde esta Primavera se fez a segunda colheita. Abre agora a algumas visitas, dando-nos a oportunidade de descobrir o fascinante mundo da camellia sinensis.

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Nina na sua plantação de chá Paulo Pimenta
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Na plantação de chá de Nina Gruntkowski e Dirk Niepoort, em Fornelo, próximo de Vila do Conde, esta Primavera fez-se a segunda colheita. “Correu muitíssimo bem, estamos super-contentes”, diz Nina, com o entusiasmo contagiante com que sempre fala do seu chá Camélia. E agora, em pleno Verão, é o momento ideal para se ir visitar este local único em Portugal continental – há visitas nos próximos dias 31 de Julho, 15 de Agosto e 28 de Agosto, sempre entre as 14h30 e as 17h e com o custo de 10€ por pessoa (máximo 10 visitantes).

Para além do passeio por entre as 12 mil plantas de chá que crescem num dos dois hectares desta propriedade, onde antigamente existiu uma vinha, a visita inclui uma degustação de chá, com um chá frio do Japão, dos produtores que são parceiros deste projecto, e do chá verde que aqui foi colhido há poucos meses, num processo totalmente artesanal e muito cuidado, que será explicado por Nina aos visitantes.

A pandemia de covid-19 obrigou a algumas adaptações, por isso neste momento não estão a acontecer os workshops que habitualmente são organizados na plantação Camélia. Mas Nina garante que, assim que volte a haver condições, eles regressarão. Esses workshops são uma oportunidade para quem quiser mergulhar mais profundamente no mundo quase infinito dos chás e descobrir a imensidão de nuances de sabor que ele guarda.

Um exemplo da complexidade que aí se pode encontrar é um dos chás mais recentes produzidos pela Camélia, um lote muito exclusivo. Trata-se, explica Nina, do Kintsugi, um chá “super-premium e muito fora do comum”, que resulta de uma “mini-colheita das primeiras folhas nascidas no ano, rebentos muito pequenos”. Estas são depois secas numa panela de ferro fundido que foi oferecida a Nina e Dirk pelo casal Morimoto, os produtores de chá verde biológico japonês que são desde o início os cúmplices desta aventura.

Na viagem de regresso a Portugal a panela partiu-se. “Chorei”, recorda Nina. A solução que encontraram foi pedir a um soldador que a reparasse, mas decidiram usar a técnica japonesa de fixar taças cerâmicas partidas com ouro – “é a perfeição da imperfeição, a ideia de valorizar o antigo, de reciclar”, diz, e a palavra que no Japão se usa para isso é kintsugi, o nome que deram a este chá, apresentado em pequenas caixas de madeira numeradas (foram feitas apenas 45 de 75 gramas).

O Chá Camélia era um sonho de Nina e Dirk, que começou a ganhar forma em 2011, com a primeira experiência de plantação de plantas de chá (Camellia sinensis) no jardim da casa de ambos no Porto. Em 2014, as plantas foram levadas para o terreno em Fornelo e em 2019, cinco anos depois, foi possível fazer a primeira colheita.

Há muitas histórias para contar sobre o caminho até aqui e os projectos futuros (uma das ideias é fazer um chá Oolong, inspirado em Taiwan, revela Nina), mas o ideal é ouvi-las neste local especial, saboreando uma chávena de chá preparada a preceito.

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