Ringo Starr faz 80 anos e há um concerto (caseiro) para celebrar
Ringo’s Big Birthday Show, apresentação de cariz solidário com transmissão no canal de YouTube do artista, terá aparições especiais de nomes como Paul McCartney, Dave Grohl ou Elvis Costello. As receitas da actuação reverterão para associações de apoio ao movimento Black Lives Matter, a Fundação David Lynch, a MusiCares e a WaterAid.
É o alvo preferido das piadas sobre os “Fab Four”. “Se é o melhor baterista do mundo? Nem é o melhor baterista dos Beatles!”, terá brincado John Lennon numa entrevista indicativa do sentido de humor apurado dos rapazes de Liverpool que mudaram o rosto e o som da música pop como a conhecemos. Ringo Starr faz 80 anos esta terça-feira e, apesar de a pandemia não o deixar celebrar em grande, o artista vai fazer um concerto caseiro, com transmissão em directo no seu canal de YouTube a partir das 17h em Los Angeles, onde vive (1h em Portugal). Paul McCartney, Dave Grohl, Joe Walsh, Sheryl Crow, Jeff Bridges, Elvis Costello, Peter Frampton, Willie Nelson e Jackson Browne são alguns dos muitos nomes que ajudarão o eterno Beatle a apagar as velas.
Ringo é ambíguo quanto ao número 80. Por um lado, diz à revista Rolling Stone, não consegue acreditar que já atingiu a marca. “De certa forma, sinto que ainda não passei dos 24”, ri-se, a postura de “Beatle simpático” intacta. “Nós temos dito que eu ainda só tenho 79 anos porque, se tudo correr bem, vamos festejar como deve ser para o ano.” Por outro lado, o baterista não faz planos de abrandar. “Tenho tocado mais do que nunca”, explica ao diário espanhol El País, assegurando que não quer pendurar as baquetas tão cedo.
Neste Ringo’s Big Birthday Show, que, adianta ao El País, terá um carácter solidário, com lucros que reverterão para associações de apoio ao movimento Black Lives Matter e organizações como a Fundação David Lynch, a MusiCares ou a WaterAid, o artista apresentará uma recriação do tema Give More Love, gravado em 2017 para o seu 19.º disco a solo. Parece uma altura apropriada para recuperar a mensagem, sublinha, quando os protestos raciais ainda ecoam de forma inflamada nos Estados Unidos.
O músico lembra à Rolling Stone que, em 1964, os Beatles impuseram-se antes de uma apresentação na cidade de Jacksonville, na Flórida, que “supostamente não poderia acolher pessoas negras” no público. “Isso para nós era muito difícil de assimilar e compreender. A maior parte dos nossos heróis eram músicos e cantores afro-americanos. Não havia forma de aquilo ter qualquer tipo de cabimento para nós”, conta.
Os Beatles são, de resto, tema incontornável em qualquer conversa com Ringo ou McCartney, os dois sobreviventes que, igualmente, mantêm vivo o legado de Lennon e George Harrison. No mesmo artigo da revista de música norte-americana, reflectindo sobre o tema Good Night — canção de embalar escrita por Lennon e McCartney e cantada por Starr no clássico White Album —, o baterista sugere, sempre com aquele ar divertido e desconcertante, que os “Fab Four” foram a sua ruína. “Eu era um cantor de rock e eles davam-me sempre essas músicas sentimentais. Estragaram a minha carreira toda.”
Os anos passam, mas o sentido de humor não se deixa abalar. Às 1h, no seu canal de YouTube, celebram-se os 80 aniversários. Com uma ajudinha dos amigos.