Porto vai ter ecopista entre Campanhã e a Alfândega

Câmara do Porto está a preparar dois projectos para reactivar Ramal da Alfândega, na antiga linha da ferroviária ao longo da encosta do Douro. Haverá um debate público para decidir qual das ideias avança. Enquanto isso, Rui Moreira quer avançar já para a criação de uma ecopista

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Ramal foi muito usado nos finais do século XIX e início do século XX Adriano Miranda
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Espaço está desactivado desde 1989 Adriano Miranda

Entre a estação de Campanhã e a Alfândega do Porto, ao longo da encosta com vistas para o Douro, vai nascer uma ecopista que permitirá, desde já, “a abertura deste percurso à fruição da população”. A recuperação deste canal terá “custos de implementação reduzidos” e garante o uso do espaço, desactivado desde 1989, enquanto para ele se discute uma solução definitiva e mais ambiciosa.

A proposta assinada pelo vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, será apresentada e votada na próxima reunião de câmara, na segunda-feira, e avança com duas possíveis soluções. O primeiro projecto prevê a criação de um “novo percurso pedonal e ciclável, aproveitando os troços em túnel e a céu aberto”, permitindo a “requalificação ambiental e paisagística” da zona envolvente, “nomeadamente através da criação de um parque urbano em socalcos, em toda a área adjacente ao canal ferroviário”. Este projecto prevê também o “reforço da relação entre a cota baixa, junto ao rio, e a cota alta, da cidade consolidada, estando previstas diversas ligações, algumas das quais a dotar de meios mecânicos”.

A segunda opção opta pela utilização do ramal para uma “ligação rápida” entre Campanhã e a Alfândega, “através de um transporte pendular, confortável e eléctrico, operado por veículos modernos que prestarão um serviço de mobilidade inédito entre estes dois pólos de elevada atracção urbana”. O objectivo deste plano é a “redução do número de veículos motorizados que entram diariamente na cidade” e, se avançar, implica também a “transformação do parque de estacionamento da Alfândega numa zona de fruição e lazer”.

Os projectos estão nesta fase a ser preparados e serão depois alvo de um “debate alargado às forças políticas e à cidade”, lê-se na proposta.

Esta linha ferroviária foi de grande importância no Porto dos finais do século XIX e inícios do século XX, passando por ali todo o tipo de mercadorias que chegavam à Alfândega por via marítima e tinham de ser transportadas até Campanhã. A criação do Porto de Leixões acabaria por transferir a actividade portuária para essa zona, o que levaria ao fim do uso do Ramal da Alfândega.

Este espaço, com cerca de quatro quilómetros, permanece no domínio público ferroviário sob gestão da IP Património - Administração e Gestão Imobiliária, S.A. e, por isso, será necessário a celebração de um “contrato de subconcessão de uso privativo destes bens”. A proposta, que deverá ser aprovada pela maioria de Rui Moreira, será depois submetida a aprovação da Assembleia Municipal.

O presidente da Câmara do Porto já tinha manifestado, em Novembro, a intenção de criar um projecto para aquela zona da cidade, falando, na altura, de uma “ligação rápida” entre as zonas de Campanhã e da Alfândega para “retirar o tráfego automóvel do centro histórico”. Mas a ideia de voltar a dar uso ao espaço é até mais antiga: em 2005, foi constituído um movimento denominado GARRA (Grupo de Acção para a Reabilitação do Ramal de Alfândega) que queria dar novo uso ao túnel de 1300 metros desactivado há 31 anos. 

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