Linha Rosa do metro do Porto evita subsolo de hospital e preserva praça da Galiza
Jardim da Praça da Galiza mantém-se, com transplante ou abate de 50 árvores. Vão ser precisos 12 meses de obra para desviar o rio de Vila, uma alteração que levou à “revisão” do Estudo de Impacte Ambiental “a apresentar à UNESCO”
Três quilómetros subterrâneos que evitam o hospital de Santo António e uma estação no Jardim de Sophia, poupando a praça da Galiza, são alguns dos planos da Metro do Porto para a nova linha Rosa, de ligação entre São Bento e a Casa da Música, revela um relatório.
O Resumo Não Técnico do Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução (RECAPE) da também chamada linha Circular, disponível no site da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), prevê 12 dos 42 meses (três anos e meio) de obra para desviar o rio de Vila, na zona do Porto Património Mundial, uma alteração que levou à “revisão” do Estudo de Impacte Ambiental “a apresentar à UNESCO”.
O documento esclarece ainda que, relativamente ao Estudo Prévio, que recebeu parecer condicionado da APA, a Metro do Porto alterou a “configuração da estação Boavista/ Casa da Música” para a “coordenação/ integração do projecto com a implantação do futuro edifício sede da Metro do Porto e do El Corte Inglès”.
Abrangendo 298 “ocorrências patrimoniais” [património a preservar ou classificado], o traçado do RECAPE “segue a Alternativa 1 da Fase de Estudo Prévio, como estipulado pela DIA [Declaração de Impacto Ambiental]”, nomeadamente para “um eventual futuro prolongamento da linha de metro para Nascente da zona da Liberdade /São Bento”.
Entre a Estação Hospital de Santo António (no jardim do Carregal) e a Estação Galiza, “optou-se por desviar o percurso da rua D. Manuel II, de forma a evitar passar com a linha sob o próprio Hospital”, acrescenta a Metro do Porto.
Foi ainda mudada a “configuração da estação Galiza” para “não interferir com a praça”, que “será mantida, nomeadamente a posição da Fonte da Rosália de Castro e respectiva escultura”. A paragem passa a desenvolver-se “apenas sobre o jardim de Sophia e Rua Júlio Dinis”.
“A estação pressupõe o transplante/ abate de 50 árvores”, razão pela qual é proposto “um novo desenho do jardim, com a implantação de novas árvores”. Nesta zona, a “ligação subterrânea ao passeio junto à escola EB 2/3 de Gomes Teixeira” foi “eliminada”, propondo-se antes “um abrigo Multimodal, com 30 metros de comprimento”, que acomode “duas paragens de autocarros”.
O traçado começa “na rua 31 de Janeiro, passando a norte da Estação Ferroviária de São Bento, prosseguindo para a Praça da Liberdade, onde se insere a Estação Liberdade/São Bento”. Esta terá ligação do Largo dos Lóios, que será redesenhado ao nível da “pavimentação, iluminação e vegetação”, e à Praça Almeida Garrett (incluindo à linha de metro existente).
Nesta praça, em frente a São Bento, é removido o trânsito e a paragem de táxis, que passa para a rua do Loureiro, “com a criação de uma baia para cargas e descargas de passageiros, situada na parte inferior da rua em frente à estação de São Bento”.
O metro continuará “pelo alinhamento da rua dos Clérigos e seguindo a orientação da rua das Carmelitas, até à proximidade da praça Gomes Teixeira”, dirigindo-se “para o Jardim do Carregal”, onde fica a Estação Hospital de Santo António. Prevê-se a requalificação do Jardim do Carregal, preservando a quase totalidade dos exemplares arbóreos (apenas duas serão removidas) e “sendo proposta a inclusão de mais cinco exemplares”, acrescenta o RECAPE.
Até à Estação Galiza, é preciso evitar as quatro caves abaixo da superfície do condomínio Les Palaces, obrigando a “um traçado curvilíneo”. O caminho “segue sobre os logradouros da rua Miguel Bombarda” e faz “uma inflexão para norte até atingir o alinhamento da rua Júlio Dinis” na zona da Galiza.
Após a estação, a linha acompanha “o prolongamento da rua Júlio Dinis, inflectindo sob a Praça Mouzinho de Albuquerque (rotunda da Boavista) até à Avenida de França”, onde ficará uma nova estação, articulada com a existente.
Dois dos cinco acessos à superfície planeados para esta paragem serão feitos “apenas numa segunda fase, aquando da execução da futura linha de Gaia”, refere a empresa. No fim de Maio, a Metro do Porto recebeu seis propostas para construir a Linha Circular por 235 milhões de euros.