Saint Germain vai transformar antiga quinta senhorial num novo pólo do Barreiro
Concorrente cede 82% da propriedade ao município e vai investir 40 milhões de euros num hotel, vários equipamentos e 185 fogos.
A Saint Germain – Empreendimentos imobiliários S.A é o concorrente vencedor do concurso público municipal de venda da Quinta do Braamcamp, no Barreiro, revelou o vereador Rui Braga na última reunião de câmara.
A imobiliária, com sede em Leiria, que apresentou uma proposta de cinco milhões e dez euros para a compra da quinta senhorial ao município, cede de volta ao município cerca de 82% da propriedade, onde se inclui a Caldeira Grande e toda a zona de sapal, áreas ambientalmente sensíveis à beira-Tejo.
Com esta decisão do júri do concurso, sai vencida a proposta da Calatrava Grace, empresa do arquitecto e engenheiro espanhol autor do projecto da Gare do Oriente, que era um dos dois concorrentes no processo de alienação.
O projecto vencedor estima um investimento de 40 milhões de euros que inclui a recuperação e colocação em funcionamento do edifício do Moinho de Maré da Braamcamp, a construção de um hotel com 178 camas, que será o primeiro na cidade do Barreiro, e de 185 fogos para habitação. Os prédios terão um máximo de dois pisos de altura, conforme determina o Plano Director Municipal (PDM) para aquela zona ribeirinha.
A unidade hoteleira, com 85 apartamentos de alojamento, será feita com base na reconstrução e interligação das antigas construções existentes a um edifico de serviços de apoio que incluirá SPA, ginásio, piscina e bar.
Questionado pelo PÚBLICO, o vereador das Obras, Planeamento, Desenvolvimento Económico e Turismo da Câmara do Barreiro não esconde o entusiasmo com que vê o desfecho do processo. “Salvámos a Braamcamp e o Barreiro fica muito melhor preparado para enfrentar o futuro” diz Rui Braga, que classifica o projecto apresentado pela Saint German como “fantástico”
O autarca socialista afirma que a proposta vencedora “cumpre todos os requisitos que podem melhorar a opinião dos barreirenses sobre o projecto” e que todas as contrapartidas obrigatórias, fixadas pelo município no caderno de encargos, foram preenchidas.
A autarquia destaca as condições para o usufruto da população, que prevêem equipamentos públicos como um circuito de manutenção com 640 metros de percurso e dez máquinas, parque de merendas, parque para crianças e jovens, com parede de escalada, half-pipe e dois campos de street basket, torre de observação paisagística, com vista para Lisboa, 570 metros de passadiços sobre a zona de reserva ecológica nacional de forma a preservar a flora local.
O projecto inclui também um Wake Park, considerado “singular” em toda a região metropolitana de Lisboa e com “carácter turístico e inovador”.
“Vamos receber um terreno infra-estruturado, com equipamentos e o espaço é para ser usufruído por todos os barreirenses”, sublinha Rui Braga que destaca também a importância e a oportunidade do investimento. “Estamos a falar de várias dinâmicas, como criação de emprego e atracção turística, que são essenciais para inverter a redução de população e incentivar a economia local. E se já eram bem-vindas estas sinergias no passado, ainda mais agora no pós-Covid-19”, defende.
O vereador responsável pelo processo recorda que o prazo limite para a apresentação de propostas à compra da quinta “caiu mesmo em plena pandemia, quando havia cenários e perspectivas negativas, algumas catastróficas”, pelo que, conclui, “foi muito positivo terem aparecido duas propostas”.
O investimento de 40 milhões que a empresa vencedora estima fazer é, por isso, visto como “muito relevante para o Barreiro e até para a Área Metropolitana de Lisboa, sobretudo neste contexto de retoma económica depois da pandemia”.
“Termos este projecto concluído nesta altura, são notícias excelentes. Estou entusiasmado e desejoso que o processo ande para a frente e o projecto se concretize”, diz ainda o eleito socialista.
Para Rui Braga, a nova oferta de habitação prevista para a Quinta do Braamcamp “que não fere ambientalmente nem a nível paisagístico” porque a construção está “enquadrada urbanisticamente” e estão incluídas “medidas dedicadas ao combate às alterações climáticas”.