Centeno: “Ainda vamos a tempo” de anular prémios da gestão do Novo Banco
O ministro das Finanças reconheceu, no Parlamento, que dada a crise económica gerada pela pandemia acredita que o prémio de dois milhões de euros à equipa de António Ramalho não traduz “empatia” pela situação que se vive no país.
Mário Centeno foi questionado, esta manhã, sobre os prémios de dois milhões de euros previstos para a gestão liderada por António Ramalho, numa altura em que o banco voltou a pedir uma injecção de 850 milhões de euros ao Estado. E respondeu: “Ainda vamos a tempo de ver corrigida esta situação.”
Em causa está o pagamento de uma remuneração variável de dois milhões de euros à gestão do Novo Banco relativa ao exercício de 2019, em que o banco voltou a registar perdas superiores a mil milhões de euros devido ao impacto recorrente dos créditos problemáticos. Ainda assim, este prémio só será pago no final de 2021 e se o banco sair do processo de reestruturação em curso com uma situação de solidez nos seus capitais, sem necessidade de mais ajudas públicas e depois de vários resultados operacionais positivos.
Segundo o ministro das Finanças, “apesar de os prémios só serem devidos em 2021, as empresas vão acompanhando a evolução dos tempos”, numa referência à actual crise de covid-19, pelo que diz: “Consideraria que ainda vamos a tempo de ver corrigida esta situação” de atribuição dos prémios. Nesse sentido, Mário Centeno, apelou ao “bom senso” e disse esperar que “haja aqui uma empatia, ou pelo menos um entendimento, sobre enquadramento em que estas decisões são tomadas hoje no Novo Banco”.
Mais à frente na audição, questionado pela deputada do Bloco de Esquerda sobre o tema, que referiu que o seu partido irá apresentar uma proposta para travar estes prémios durante 2020, Centeno voltou a referir : “não é que tenha dúvidas legítimas e fundadas sobre esta gestão”, mas “temos a opinião muito clara sobre os prémios. E espero que os mecanismos de governação do Novo Banco atendam a essas prioridades”.