Cinema para espectadores surdos? Há um estúdio a tratar disso em Portugal
Surdo desde os dois anos, Zé Luís Rebel fundou um estúdio de cinema independente, a GestoFilmes, onde se produzem filmes com legendas e língua gestual. “Uma pessoa surda é capaz de tudo menos ouvir. E eu sou uma pessoa surda. Mas prefiro ser o Zé Luís.”
Zé Luís Rebel descobriu a magia do cinema aos sete anos. O momento marcou-o tão profundamente que traz a memória consigo até hoje. Relata-a de uma forma vívida, ao ponto de sentirmos que estávamos lá com ele, de volta aos anos 90 e à casa dos avós. “De um momento para outro, algo me intrigou.” Percebeu que “o momento só se produz uma única vez”. A imagem do avô a encaixar as últimas peças no puzzle e da avó a pousar o lanche na mesa ficaram-lhe gravadas na retina. Quis congelar o momento, eternizá-lo num frame, trazê-lo para o mundo das coisas concretas e às quais podemos sempre regressar. Porque “instantes depois já não é aquele momento em que o avô está a colocar as peças e a avó a colocar o lanche”, explica. “O tempo deslocou-se e o momento não se repetiu da forma que eu queria voltar a ver.”
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.