Defesa de Rui Pinto acredita na libertação total do hacker “nas próximas semanas”

Advogado francês do hacker, William Bourdon, diz que está a ser estabelecida uma relação de cordialidade com as equipas de investigação. Denunciante foi colocado em prisão preventiva após ceder acesso a informação.

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WIlliam Bourdon, um dos advogados de Rui Pinto rui gaudencio

O advogado William Bourdon acredita que Rui Pinto possa ser colocado em liberdade sem restrições muito em breve. Em declarações ao The Guardian, o francês William Bourdon afirma que a defesa está a trabalhar para conseguir que o hacker fique fora da alçada da Polícia Judiciária e possa ser novamente um cidadão livre.

Ele está em prisão domiciliária, mas esperamos que nas próximas semanas seja possível mudar a sua posição. Temos esperança que possa ficar livre assim que possível sem quaisquer restrições”, revelou o advogado francês.

Para além do homem responsável pelo Football Leaks, William Bourdon já representou outros denunciantes como Julian Assange, da WikiLeaks, Edward Snowden, que revelou um programa de vigilância do Governo norte-americano, e Antoine Deltour, que originou as investigações que ficaram conhecidas como LuxLeaks. O causídico revelou alguns detalhes da negociação com a equipa de investigação que permitiu a saída de Rui Pinto da prisão.

“Tivemos uma conversa com o chefe das investigações com a aprovação do procurador porque os ‘ventos mudaram’ em Portugal. Não posso dar outros detalhes que não a confirmação de que estamos a entrar numa relação cordial para encetar uma cooperação. Mas é um jogo complexo, portanto vamos ver. Confio que todos os envolvidos irão querer agir em boa-fé, pragmaticamente e no interesse comum”, afirmou o advogado.

Há exactamente duas semanas, o hacker foi colocado numa residência controlada pela Polícia Judiciária, depois de ter sido traçado um acordo de colaboração que envolve o acesso à informação recolhida pelo pirata informático. Em causa estavam dez discos rígidos encriptados que foram apreendidos ao português em Budapeste, em Janeiro de 2019. Desde esse dia que várias autoridades europeias tentaram aceder ao conteúdo desses discos.

No auto de análise forense que consta do processo, a Polícia Judiciária reconhece as competências informáticas de Rui Pinto, admitindo que estes dez discos se encontravam inacessíveis. As senhas de acesso foram a moeda de troca que permitiu este acordo de colaboração.

Como já tinha afirmado ao PÚBLICO após as revelações dos Luanda Leaks, Bourdon acredita que as investigações à empresária angolana Isabel dos Santos serviram para “limpar” a imagem de Rui Pinto perante os portugueses: “A maioria dos cidadãos e dos políticos mais responsáveis estão agora gratos a Rui Pinto por ajudar a acelerar as investigações.” O advogado confirmou também que o hacker dialogou com as autoridades portuguesas na realização da Operação Fora de Jogoque culminou em buscas às sedes dos maiores clubes portugueses. Em causa estão suspeitas de fraudes fiscais cometidas pelos clubes e intermediários em transferências de jogadores.

O pirata informático é acusado de 90 crimes e será julgado este Verão. O juiz que deveria julgar o hacker, Paulo Registo, pediu para ser afastado do processo, depois de terem sido tornadas públicas várias publicações em que o magistrado se assume adepto do Benfica. Por considerar que a sua imparcialidade foi colocada sob suspeita, o juiz – que também está na equipa que irá julgar o caso e-toupeira – considerou que seria melhor pedir escusa deste julgamento.

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