Covid-19 e 25 de Abril: Parlamento, gabinete da ministra da Saúde e DGS reúnem-se esta segunda-feira

A reunião servirá para “informar” as autoridades de saúde sobre o modelo escolhido para celebrar a revolução. PS e PSD comunicaram a Ferro Rodrigues que não vão preencher todos os lugares a que tinham direito

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Rui Gaudencio

Os serviços da Assembleia da República vão reunir-se, amanhã, com o gabinete da ministra da Saúde e representantes da Direcção-geral de Saúde para informar as autoridades sobre as presenças de deputados, convidados, funcionários e jornalistas na sessão do 25 de Abril, segundo confirmou ao PÚBLICO fonte oficial do gabinete de Ferro Rodrigues. Os grupos parlamentares do PS e o PSD, por seu lado, já comunicaram entretanto ao presidente da Assembleia da República que não vão preencher a sua quota de um terço de deputados que estava prevista. Assim, sendo o número de 130 pessoas no plenário e a assistir nas galerias da Assembleia não será atingido.

A reunião servirá “para informar que, entre deputados, convidados, funcionários e jornalistas, estarão o mínimo desde que começou o estado de emergência”, segundo a mesma fonte oficial. Esta manhã, na conferência de imprensa de actualização de informação sobre covid-19, a ministra da Saúde, Marta Temido, salientou que uma coisa são as comemorações “tradicionais” com pessoas na rua e outra será o que está previsto realizar-se para assinalar a data este ano, ainda a ser detalhado e programado.

Marta Temido advertiu que “um gesto imponderado ou uma saúde desnecessária podem deitar tudo a perder”, rejeitando qualquer “contradição” entre “este dever e a sinalização de determinados dias específicos da nossa vida colectiva”, porque se fará “dentro destas regras”. 

A conferência de líderes decidiu, por maioria, manter a sessão solene do próximo sábado, mas com um terço dos deputados (77 dos 230) e cerca de 50 convidados face aos 700 da cerimónia do ano passado. Mas o modelo tem vindo a ser contestado por parte de alguns partidos como o CDS e o Chega bem como através de uma petição online (já com mais de 81 mil assinaturas) e até por parte de figuras do PS como João Soares.

O ex-deputado assumiu discordar da manutenção do modelo habitual das comemorações parlamentares. “Acho um disparate persistir na ideia da sessão comemorativa do 25 de Abril na AR no modelo tradicional. E previno já que não admito que me chamem ‘facho’, ou que insinuem que não estou com o 25 de Abril por exprimir esta minha opinião”, escreveu na sua página de Facebook, apelando a que revejam a decisão e a que no sábado se cante a Grândola e o hino nacional das janelas de casa, locais de trabalho e hospitais.

A mesma fonte oficial do gabinete de Ferro Rodrigues adiantou já ter sido informado pelas direcções das duas maiores bancadas, PS e PSD, que não cumprirão a quota que lhes estava destinada dos 77 deputados que poderiam comparecer na cerimónia, ficando “longe disso”. Rui Rio, que é também líder parlamentar, já tinha enviado aos deputados, na passada sexta-feira, a lista dos 27 eleitos convocados para a sessão, que privilegia os estreantes nas comemorações e os que são membros da direcção do partido, os presidentes, coordenadores e vice-coordenadores das comissões e os dois candidatos à liderança da JSD (a eleição deveria ter-se realizado este mês mas que foi adiada).

Depois de uma petição a pedir o cancelamento da cerimónia – posição que foi este sábado partilhada pelo deputado único do Chega – surgiu este sábado uma contra-petição promovida por Manuel Alegre e por outras figuras da esquerda. A coordenadora bloquista Catarina Martins também já assinou este texto que é favorável às comemorações na Assembleia da República. “Não se trata de abrir o parlamento para festejar. Trata-se de não o fechar no dia em que se assinala a democracia”, defende Catarina Martins, numa mensagem colocada nas redes sociais.

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