ARCOlisboa adiada para Maio de 2021

A feira é o evento mais importante do mercado nacional de arte contemporânea.

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Esta seria a quinta edição da ARCOlisboa Nuno Ferreira Santos

A ARCOlisboa, prevista para se realizar de 14 a 17 de Maio, foi adiada para o mesmo mês do próximo ano, anunciou a organização em comunicado esta sexta-feira. A feira de arte contemporânea, que na sua quinta edição traria à Cordoaria Nacional cerca de 70 galerias nacionais e estrangeiras, vai realizar-se só em 2021, desta vez de 13 a 16 de Maio.

“Esta decisão partiu de uma cuidada avaliação da situação gerada pela covid-19 por parte comité organizador da feira e de todas as entidades envolvidas na organização do evento”, diz o comunicado da feira organizada pela ARCOmadrid em Espanha, em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa, naquele que é considerado o evento mais importante do mercado nacional de arte contemporânea.

A ideia, segundo o PÚBLICO apurou, é transferir a selecção das galerias que já foi realizada este ano pelo comité para a edição de 2021. “Tendo em consideração que não seria possível garantir a segurança dos expositores e dos visitantes nas datas inicialmente previstas, a organização optou por centrar todos os seus esforços na realização do certame numa nova data, de forma a garantir o sucesso desta reconhecida feira internacional”, continua o comunicado.

Isso mesmo é confirmado ao PÚBLICO por Bruno Múrias, galerista e membro do comité organizador da feira, dizendo que “todas as galerias que foram seleccionadas para 2020 automaticamente estão seleccionadas para 2021”.

O galerista de Lisboa lembra a realidade de a pandemia acarretar “prejuízos, não só na economia nacional como na internacional”, sendo inevitável que a área das artes “não será excepção”. “Haverá uma queda efectiva no volume de vendas”, prevê, adiantando a necessidade de a feira se “socorrer de outras ferramentas, e de outros canais como o digitais, para manter viva a marca ARCOlisboa”. É uma ideia que “está a ser discutida e trabalhada”, mas que não virá, de nenhum modo, substituir a realização física da feira. “Será um complemento, uma forma de permitir que as galerias e os artistas que cada uma representa possam, de alguma forma, continuar a comunicar os seus conteúdos”, explica Bruno Múrias.

O galerista portuense Nuno Centeno, outra das presenças previstas na feira deste ano, também considera que a decisão agora tomada pela organização da ARCOlisboa “foi a mais correcta”. “Tendo em conta a situação actual, por uma razão de prevenção e até de consciência, a feira teria de acontecer só em 2021”, diz o galerista, que até ao ano passado integrou também o comité organizador.

Nuno Centeno realça, de resto, o abrandamento geral da actividade neste sector, tanto em termos institucionais como na dos museus e galerias: “Toda a gente está muito consciente da situação, e é importante dar prioridade à saúde pública”, diz o galerista, confirmando que, em 2021, irá apresentar na Cordoaria Nacional o mesmo projecto que tinha preparado para este ano, algo que, acredita, deverá acontecer com os restantes participantes.

O galerista acha, aliás, que, muito mais do que as galerias portuguesas, a pandemia irá principalmente trazer mudanças drásticas na cena artística internacional, nas “galerias que têm as suas sedes em Londres, Paris e Nova Iorque”.

Já sobre o recurso à Internet e aos meios digitais de difusão, Nuno Centeno defende que essa será “uma solução apenas viável temporariamente”, mas não uma alternativa para o futuro, apesar das mudanças que estamos no mundo actual.

Tal como o PÚBLICO tinha noticiado, num ano em que já foram adiadas várias feiras, nomeadamente a ArtBasel de Junho para Setembro, seria difícil encontrar uma nova data num calendário já muito concorrido, com a dificuldade acrescida de ser necessário acertá-la com os compromissos já assumidos pela própria Cordoaria Nacional. 

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