Portugal está “na fase de planalto”. Número de doentes internados continua estável
Segundo a ministra da Saúde, 88% dos doentes de covid-19 estão a receber cuidados no domicílio e 7,3% estão em internamento. Marta Temido avisa que é preciso manter o distanciamento social.
Portugal está “na fase de planalto” da epidemia provocada pelo novo coronavírus, disse neste sábado a ministra da Saúde. Mas Marta Temido deixou um alerta na conferência de imprensa: as medidas de distanciamento social e de isolamento são para manter. “Se todos hoje saíssemos para a rua e nos relacionássemos indiscriminadamente, sabemos que isso ia ter consequências negativas para todos”, afirmou.
De acordo com o boletim da Direcção-Geral da Saúde, o país regista 15.987 casos confirmados de covid-19, um aumento de 3,3% em relação ao dia anterior. Estão contabilizadas 470 mortes, mais 35, e 266 doentes recuperados. Quanto a doentes internados, contam-se 1175 (menos quatro que na véspera), dos quais 233 estão em unidades de cuidados intensivos. São mais sete pessoas do que as reportadas no relatório de sexta-feira (mais 3%). Segundo a ministra, 88% dos doentes estão a receber cuidados no domicílio e 7,3% estão em internamento. Destes, 5,9% estão internados em enfermarias e 1,4% em unidades de cuidados intensivos.
Olhando para evolução dos últimos dias, o número de internados, quer em enfermarias quer em unidades de cuidados intensivos, tem oscilado entre descidas ou ligeiras subidas. “Todos temos assistido nos últimos dias ao que poderá ser o planalto”, começou por dizer a directora-geral da Saúde, para acrescentar que “pode estar a haver uma precocidade de intervenção” juntos das pessoas infectadas.
“Sabemos que o número de pessoas que está a ser assistida em casa é um pouco superior a 80% e o número de internados corresponde ao que estávamos à espera e sabemos que até à data o número de pessoas que têm entrado em intensivos não tem sido muito grande. O que também reflecte a dinâmica da epidemia. Os números estão concordantes com o que está a acontecer e com o que está descrito na literatura”, explicou Graça Freitas, salientando que esta é uma realidade dinâmica e que vai continuar a ser acompanhada.
A responsável explicou ainda que está a ser coligida informação sobre os doentes que estão em cuidados intensivos, mas adiantou que há doentes que estão a recuperar e por isso a regressar às enfermarias ou a ter alta para fazer a convalescença em casa e noutros casos, “sobretudo as pessoas que eram mais idosas e doentes”, tiveram um desfecho negativo que se reflecte nos óbitos.
Sobre as flutuações da curva no que diz respeito aos casos positivos – sexta-feira teve um aumento de quase 11% quando nos dias anteriores e neste sábado as variações foram abaixo dos 10% –, Marta Temido garantiu que “os dados reflectem aquilo que é carregado nas bases de dados”. “Relativamente ao último pico, que ontem [sexta-feira] tanta apreensão suscitou, é fácil de ver que como não houve nem mil nem 1500 amostras positivas nos últimos dias, estávamos perante algo que indiciava ser um pico de notificações de casos confirmados, que não estariam até ontem notificados no SINAVE [Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica] médico”, explicou.
Profissionais são 11,5% dos positivos
Graça Freitas deu ainda números actualizados de profissionais de saúde infectados pelo novo coronavírus, até ao final do dia de sexta-feira. “Estavam 1849 profissionais sinalizados como tendo teste positivo. Destes, 488 são enfermeiros, 276 são médicos e 1085 são de outras profissões [da saúde].” Os profissionais de saúde representam 11,5% do número total de casos positivos registados no país.
Não foi possível precisar quantos profissionais de saúde estão internados em unidades de cuidados intensivos. “Temos apenas informação de algumas regiões e confirma-se que alguns profissionais de saúde têm estado em intensivos. Mas felizmente com evolução positiva até à data. O que estará de acordo com o grupo etário, uma vez que são activos. Apesar de estarem em intensivos, recuperam e têm alta para as enfermarias”, disse a directora-geral da Saúde.
A ministra da Saúde adiantou que desde 1 de Março foram realizados 161.475 testes diagnóstico, dos quais 17.893 foram positivos. Sobre a diferença entre o número de testes positivos e casos confirmados, Marta Temido explicou que se deve ao facto de haver doentes que fizeram mais de um teste que deu positivo.
Sobre a capacidade de testagem, disse que a média diária de testes realizados ronda os 9 mil testes e que o dia 8 de Abril mantém-se como o dia com maior número de testes realizados: 10.715. Mais de metade (53%) foram realizados nos laboratórios públicos. E neste contexto (excluindo testes realizados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e laboratórios privados), “a percentagem de testes por região, à data, foi de 53% no Norte, 14% no Centro, 27% em Lisboa e Vale do Tejo, 1% no Alentejo e 1% no Algarve, 2% nos Açores e 1% na Madeira”.